Evitei falar aqui sobre o 3º Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3), sobretudo porque sobre ele tenho as mesmas opiniões críticas expressadas por Reinaldo Azevedo em seu cada dia mais influente e indispensável blog (aqui). O PNDH-3 é um programa tupiniquim de cunho bolivariano, cuja finalidade principal é institucionalizar certas taras da esquerda latinoamericana, como o "controle social da mídia", uma expressão cunhada para esconder o seu real sentido e interesse: o controle partidário da mídia, submetida à camisa de força de sindicatos, ONGs e do aparelhamento estatal feito pela militância petista e cutista (o que é quase a mesma coisa).
O PNDH-3 é um longo texto escrito em linguagem repleta de macaquices acadêmicas, típicas de uma panelinha metida a intelectual, que faz de expressões boçais um diferencial para dar o verniz de intelectualidade ao que escrevem. Reinaldo Azevedo deu conta da expressão transversalidade, para significar aquela ideia ou conjunto de políticas que perpassariam diversos segmentos como educação, cultura, esporte, comunicação etc. Tudo no governo federal haveria de ser transversal, justamente para permitir que a lógica/ideologia da ala mais anacrônica do petismo pudesse trazer para a sua zona de influência temas que não lhe estariam afetos, como as políticas públicas sobre a comunicação social, por exemplo.
Os bolivarianos tupiniquins desejam a venezuelarização do Brasil, transformando o país naquele circo dos horrores em que vem se transformando o país comandado por Chávez. De fato, Chávez conseguiu, com a sua longevidade no poder, destruir a mídia local, solapando a liberdade de expressão e passando para o governo 70% dos meios de comunicação social. As maiores redes de televisão perderam a sua liberdade, sendo perseguidas, como a Globovisión, ou simplesmente fechadas por falta da renovação da concessão pública, como a RCTV. As rádios foram em sua maioria esmagadas, deixando cada vez mais a população tendo acesso apenas às informações oficiais, em uma política que é claramente inspirada em Cuba, do companheiro Fidel Castro.
É certo, porém, que a destruição econômica da Venezuela pelo modelo bolivariano é sentida pelas pessoas em suas vidas práticas. Falta água, há escassez de energia elétrica, faltam alimentos, a inflação começa a fragilizar o poder de compra, há fuga de capitais, a nacionalização das empresas tornou a indústria ineficiente... Ou seja, o socialismo do século XXI, anunciado pelo chavismo, nada mais é do que uma ditadura corrupta, incompetente, que usa o terror como método (Chávez criou milícias paraestatais inspiradas no nacional-socialismo de Hitler) e a manutenção do poder absoluto como fim.
A sociedade começa a reagir contra a ditadura bolivariana. Como sempre, os estudantes estão à frente da resistência, lutando por liberdade de expressão e pela democracia. A foto publicada pelo jornal El Nacional, que correu o mundo, mostra como a ditadura chavista é símile às demais ditaduras na hora da repressão aos que lutam por liberdade: as armas são os argumentos usados contra a juventude. Outra, publicada na Veja (lá em cima, de Leonardo Ramirez/AP), mostra o silêncio imposto aos estudantes.
E a nossa esquerda? O que falaram sobre essas imagens os nossos bolivarianos? O que disseram sobre os últimos suspiros da democracia na Venezuela os autores intelectuais da Comissão da Verdade? Nada, senão o apoio velado ao regime totalitário venezuelano. A UNE, que no passado fora uma organização brasileira respeitada, que fez a história lutando contra a ditadura, é uma entidade pelega, que faz o jogo da esquerda anacrônica, amparada em muita grana que recebe do governo federal. Não se manifestou uma única vez em favor dos estudantes venezuelanos, até mesmo porque Chávez parece ser o ídolo dessa turma que aparelha a UNE dos dias atuais.
Bem, se não há canais de comunicação de massa disponíveis, os venezuelanos fazem o que se faz no Irã e na China: internet neles! E aqui contribuímos, dentro dos nossos limites, com a democracia, replicando o vídeo em que a população dá o seu recado ao ditador. Como informa Reinaldo Azevedo, "O evento ocorreu no domingo passado, dia 24, no Estádio Universitário, em Caracas. Um grupo de estudantes começa a gritar “1, 2, 3, Chávez tas ponchao”, gíria que quer dizer “fora do jogo”. A palavra de ordem toma o estádio e é repetida num coro de milhares de vozes. Esse grito é intercalado com outro: “Sucio/ sucio/ sucio”: “Sujo/ sujo/sujo”. Manifestação semelhante já havia acontecido em Valencia, e a polícia desceu o sarrafo. No domingo, apesar da presença de policiais da tropa de choque (vê-se um deles no vídeo), nada pôde ser feito. Era impossível descer o porrete no estádio inteiro". Viva a liberdade de expressão!!!
Show de bola, Adriano, concordo plenamente, nossas esquerda finge que não vê o caos ditadorial venezuelano.
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