"Uma variante de um golpe já conhecido pela polícia está assustando um número crescente de pessoas em São Paulo. O anúncio, por telefone, do falso seqüestro de um parente ganhou "efeitos especiais". Seis pessoas ouvidas pelo jornal "O Estado de S. Paulo" foram vítimas do crime nos últimos 30 dias. Depois de escolher um número, geralmente de forma aleatória, a maioria dos criminosos faz uma chamada a cobrar, em um celular pré-pago, e coloca na linha uma pessoa gritando ou chorando, para simular o desespero do suposto refém.A voz - muitas vezes as quadrilhas usam gravações - some rapidamente, sem dar tempo para que o parente tente trocar algumas palavras, o que aumentaria o risco de a farsa ser descoberta. Em seguida, começam as ameaças. A ligação costuma ocorrer de madrugada, entre 4 e 5 horas, para pegar a vítima com sono e desprevenida.Foi o que ocorreu com uma jornalista de 50 anos, moradora da zona sul da capital. Às 4h30 do dia 3 de janeiro, ela atendeu ao telefone e ouviu uma voz feminina aos berros: "Mãe, eles vão me matar".
Confusa, ela acreditou que se tratasse de uma das filhas, que estavam viajando. Só desconfiou do golpe por um motivo quase cômico. "Uma hora ela disse: 'eles vão matar eu (sic)'. Minha filha não cometeria um erro de português desses." Ela desligou, mas só foi se acalmar quase uma hora depois, quando conseguiu falar com as filhas."
sexta-feira, 29 de janeiro de 2010
Sequestro por telefone
Era para ser dois dias de descanso, ao menos. Como férias não tive, dois dias serviriam ao menos para a família estar junta, curtindo um pouco o convívio dos três. Qual nada. Ontem, fomos à praia, mas nem tudo foi positivo. Nada demais, mas não foi tão proveitoso como poderia ser. Hoje, a ideia era sair da cidade. Era. Porque os meus pais foram vítimas do golpe do sequestro por telefone.
O golpe é antigo, muita gente sabe que ele existe, mas na hora em que ocorre e pega a vítima de surpresa é um sai de baixo... Como ele funciona? Uma matéria de 2007 do G1 (aqui) explica muito bem:
Foi isso mesmo que aconteceu. Por volta de meia-noite o telefone tocou na casa dos meus pais. Mamãe acordou e atendeu sobressaltada. A chamada era a cobrar. Mãe é mãe e já pensa logo no pior: poderia ser um filho (todos ainda criança, como eu, o caçula, com a minha tenra idade de 40 anos) necessitando dos cuidados da mãe zelosa. Do outro lado da linha, uma voz feminina dizendo desesperada: "- Mainha, eles me sequestraram!". Em seguida, entra o sequestrador, que fez toda a sorte de ameaças, dizendo que não desligasse o telefone, que não falasse com ninguém, senão ia matar a minha irmã. O papai sentou-se ao lado da mamãe, acompanhando aquele diálogo terrível. Vez por outra, os dois se comunicavam por bilhetes, a mamãe pedindo que nós não fôssemos chamados para não colocar a minha irmã em risco.
Ora, meus pais ficaram nesse mundo paralelo durante toda a madrugada, sem dormir, sob intensa pressão psicológica. Pela manhã, a mamãe teve que ir ao banco, sempre com o celular ligado e com o sequestrador do outro lado da linha, para fazer um depósito em contas indicadas, além de obrigá-la, antes, a comprar crédito para celular e passar a numeração para ele.
Mesmo diante da insistência do gerente do banco, alertando para a farsa, a minha mãe, em seu desespero, determinou o repasse de parte do dinheiro pedido, até que a farsa finalmente se desfez e ela caiu em si: o golpe fora bem sucedido mesmo assim, ao menos em parte.
Ficamos todos com um sentimento de raiva e impotência. Afinal, meus pais são pessoas idosas, que não mais toleram esse tipo de intensa emoção. Foram levados a Santa Casa de Maceió, fizeram exames e, graças a Deus!, constatou-se que estavam bem, sendo liberados em seguida, medicados levemente apenas preventivamente.
Conto esses fatos aqui apenas para alertar a todos os que lêem que ninguém está livre desse tipo de golpe, sendo importante alertar as pessoas próximas para não se submeterem a isso: na dúvida, exijam falar com a suposta vítima do sequestro. Sem isso, desliguem o telefone. É lorota.
Ah, os velhos estão bem e já demos boas risadas depois de tudo. Afinal, rir é ainda o melhor remédio diante desses episódios da vida.
___________________________________________
Atualizado às 17h03, de 30 de janeiro de 2009.
Agora que o sufoco passou, o inusitado. A mamãe, tão preocupada em salvar a vida da filha, ficou toda a madrugada com o telefone ligado, porque o sequestrador não a deixava nem dormir nem desligar. Pela manhã, a mamãe queria ir ao banco ao menos tomada banho. O sacana não se fez de rogado: sem problemas, desde que ela tomasse banho com o telefone ligado para escutar o barulho da água do chuveiro e ter certeza que ela não iria chamar ninguém. Entre a razão e a vida da filha que supostamente corria perigo, obviamente a mamãe obedeceu e permaneceu com o telefone ligado.
O meu irmão Dom Henrique, que esteve esses dias em Maceió, levou o papai e a mamãe para a Santa Casa, para aquele exame preventivo. E não é que o sequestrador telefonou novamente para a mamãe? Aí foi ele quem atendeu e tentou convertê-lo a ser ovelha de Deus: "- Seu filho da #@&@, vamos botar a polícia atrás de você....". Foi um sermão rápido, mas eficaz.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Pretinho, você é doidinho mesmo !!!kkkk Comentou os impropérios do Quinho kkkkkk
ResponderExcluirVocê, como sequestrada, não devia estar rindo tanto... Rsss. Agora, Cacá, acho que o Dom foi até suave com os sacanas. Não rogou nenhuma praga neles... De toda a sorte, ainda bem que o susto terminou em sorriso e num almoço gostoso em família. Podemos pelo menos rir da maldade os nosso pais sofreram. Porque sequestrados foram eles, e ainda bem que eles se mantiveram psicologicamente inteiros. Por isso, os impropérios do Quinho foram até suaves.
ResponderExcluirOntem (01º/03/2010) eu fui vítima de um golpe de sequestro por celular. Recebi um telefonema por volta das 3 horas da tarde, no qual uma moça com a voz idêntica à da minha filha chorava e dizia que estava sendo assaltada e levada por bandidos. Eu fiquei arrasada! Vocês não imaginam como é esta sensação de impotência misturada com uma sensação de punhalada no coração, de tanta angústia e desolação!
ResponderExcluirLogo em seguida da moça chorando, entrou a voz de um dos marginais no telefone e ele começou a perguntar quanto eu tinha de dinheiro em casa, e eu, mais desesperada ainda, disse que não tinha nenhum. Eles (eram dois bandidos) disseram que estavam com a minha filha, que eu não poderia falar com ninguém, nem desligar o celular, nem ligar para para a polícia, e que eu saísse na mesma hora porque eu teria que ir ao banco tirar dez mil reais para pagar o resgate pela libertação da minha filha. Eu disse a eles que eu não era rica e que não tinha este dinheiro todo. Eu estava começando a chorar desesperada, e eles me mandaram ficar calma e calar a boca, senão eles matariam a minha filha naquela hora mesmo. Eles me tratavam muito mal, me ameaçando o tempo todo, dizendo que não tinham nada a perder, que já tinham matado muita gente, e que matar mais uma não seria nenhum problema para eles. Eles controlavam tudo o que eu fazia. Quando entrei no carro eles pediram para eu buzinar para provar que estava mesmo dentro do carro. Ele iam checando a todo minuto em que altura do caminho eu estava, se eu estava chegando ao banco. Depois que eu saltei do carro eles iam perguntando tudo o que eu estava fazendo. Eles controlam tanto a gente, que não dá para reagir, eu fiquei meio lesada, meio sem reação, de tanto medo que eu estava deles matarem a minha filha.
Continuando:
ResponderExcluirNa fila do banco, me mandaram contar quantas pessoas estavam na fila, e perguntavam a cada vinte segundos mais ou menos se já tinha saído alguém. E assim foi o tempo todo. No final eu peguei uma quantia em uma conta e a mesma quantia em outra. Em ambas as contas eu não tinha sequer o total desta quantia e então saquei do cheque especial. Eu nem pensei na hora que estava me endividando, tudo o que eu queria é que libertassem a minha filha com vida. E eu também nem pensei em ligar para o celular dela, porque eles disseram que se desconfiassem que eu estava ligando para alguém, eles iriam desligar o telefone e eu nunca mais veria a minha filha. As ligações eram feitas de um celular (sem identificação) para o meu celular. Esse terror durou por cerca de 3 horas, das 3:00 pm às 6:00 pm, e eles sempre exigindo mais e mais dinheiro. Eles me mantinham sob um total controle físico e psicológico, checando toda hora o que eu estava fazendo, onde eu estava, ameaçando matar minha filha e/ou machucá-la muito com uma barra de ferro, destruir o rosto dela. Eu ouvia a voz e o choro da minha filha no fundo da ligação, o que me causava mais desespero! Eles mandaram eu depositar o dinheiro (nas duas vezes) numa lotérica, em contas que eles me mandavam anotar o número na hora. Mas eles nunca cumpriam o que prometiam, e sempre exigiam mais dinheiro. No final eles pediram para eu depositar dinheiro para crédito de celulares. Eles me deram três números de celular e exigiram que eu depositasse 300 reais em cada um. Eu disse que não tinha mais dinheiro, mas eles falaram que eu me virasse, que eles só liberavam a minha filha depois disso. Eu já sabia deste golpe mas nem pensei nisso na hora, tal era o meu terror e desespero. Sou uma pessoa culta e esclarecida, não sou idosa, mas mesmo assim o transtorno moral e psicológico é tão terrível e devastador, que eu não reagi, virei uma total idiota nas mãos destes criminosos, porque eu não queria fazer nada que pudesse causar algum risco para a minha filha. A minha sorte foi que o meu celular começou a ficar sem carga, e eu avisei a eles. Eles me mandaram ir depositar o crédito automático nos três celulares deles, depois rasgar e jogar fora em uma boca de lobo na rua todas as anotações que eu tinha feito com os números de contas, e ir carregar a bateria do meu celular em algum lugar mais próximo possível. A ligação caiu, e como por sorte eu ainda tinha um mínimo de bateria, eu liguei desesperada para a minha filha (detalhe: não para falar com ela, mas para tentar desesperadamente entrar em contato com os bandidos para que eles não ferissem a minha filha!), e então a minha filha atendeu o celular bem alegre e normal. Mas eu estava tão condicionada por aquele terror que não acreditei de primeira que ela estava realmente bem, pensei que ela estivesse fingindo por ter alguém por perto, algum policial, e que eles a estivessem forçando a parecer bem. Daí eu pedi para ela chamar uma amiga que eu sabia que estaria com ela, para eu ouvir dela que minha filha estava bem. Ela atendeu o telefone e me disse que estava tudo bem. Mesmo assim eu ainda fiquei em dúvida, e só sosseguei quando minha filha chegou em casa sã e salva.
Hoje eu passei a maior parte do dia chorando, em estado de choque. Só consegui ir trabalhar depois de tomar um tranquilizante. Estou arrasada! Deveria ser proibido o uso de celulares em bancos e lotéricas. Eu tenho a certeza de que esses bandidos teriam muitas dificuldades em consumar o seu crime comigo, se eu não tivesse podido entrar no banco e na lotérica com o meu celular no ouvido o tempo todo. Afinal, como os bandidos iriam me controlar? Essa lei deveria ser nacional. Isso também evitaria que larápios de dentro do banco avisassem a comparsas na rua quais os clientes de um banco específico fazem retiradas grandes de dinheiro.