segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Folha de Pagamento do Estado (III)

É importante dar a palavra a quem foi injustamente acusado sem ser ouvido. Conversei com os técnicos responsáveis pela implantação do Integra, que fizeram parte da minha equipe, quando fui secretário da Gestão Pública. Gente trabalhadora, abnegada, que dedicou ao Estado de Alagoas os seus fins de semana, os feriados, comprometendo a saúde e relação familiar, muitas vezes, por espírito público.

O triste é que andamos tão descrentes que pessoas possam se dedicar a um sonho, a trabalhar com dedicação ao Poder Público sem pensar em ganhar escusamente em cima, que chega a ser absurdo falar-se em "espírito público". Mas, sim, há quem tenha e exerça.

Abaixo, exponho algumas respostas, ponto a ponto, da matéria publicada pelo jornal Extra dada por um dos técnicos que vem trabalhando duro na implantação do Integra, mostrando que a versão do que consta na reportagem não corresponde à realidade. E importante por luzes sobre essa história do suposto rombo de R$ 2 milhões/mês. Fico pensando: a quem interessa essas informações truncadas, essa suposta balbúrdia na folha de pagamento? A que fins estranhos visam essa crítica tão apaixonada ao novo sistema, com o elogio daquele sistema anterior, cujos riscos e inconsistências foram demonstrados tecnicamente, inclusive por laudo de empresa perita em segurança da informação? Trata-se de algo estranho, muito estranho...

Eis as respostas, então, ponto a ponto:


Afirmação que os problemas começaram a o ocorrer a partir da migração total dos dados para o novo Sistema.
- A grande parte dos problemas ocorridos neste início de operação do novo sistema foi devida a falta de consistência na base de dados constante no antigo sistema ElogicaRH, devido a ausência de informações concisas e seguras as quais são exigidas pelo novo sistema de folha, acarretou no não, ou parcial, pagamento de salários e pensões nos últimos meses; citamos, como exemplo, a falta da data de nascimento e nº do CPF de pensionistas, ausências de informações seguras sobre quem tem isenções do tipo IRPF e Previdência, bem como de ordem cadastral, onde deparamos com servidores com o vinculo “Inativo ativo” entre outras “aberrações” que não se adequavam a nenhum padrão utilizado pelos RH’s do Estado, mas era amplamente utilizado nesse antigo sistema.


Todas as ocorrências similares foram identificadas, sendo uma boa parte corrigida ainda na etapa de migração, as demais ficando para que fosse dado um parecer melhor de como adequar tais situações. Esses casos, na sua grande maioria, não foram prejudicados, uma vez que o pagamento foi efetuado através de folhas suplementares dentro do mesmo mês de competência da folha. Nos casos relatados de duplicidade de pagamento, esses foram todos identificados e deverão posteriormente ser descontados em folha e por fim, nos casos de pagamento a pessoas indevidas, essas foram todas relacionadas e solicitados a CEF que fosse estornado dos valores pagos devolvendo a conta bancária do Estado, fato esse efetuado com sucesso por essa instituição bancária.



Parágrafo 04.

Erros no 13º salário de 2010.


- Em relação ao 13º, essa folha foi processada no antigo sistema ElogicaRH, já que no novo não estava preparado para calcular tal folha. Como era de conhecimento por todos que trabalham com folha de pagamento do Estado, no antigo ElogicaRH eram recorrentes os erros que esse sistema gerava todo ano quando se processava tal folha; exemplo, pensões alimentícias ou alimentantes que eram descartados, inexplicavelmente, do cálculo, gerando uma gama enorme de reclamações e sérias complicações de cunho judiciais.


No folha do décimo terceiro de 2010, fomos pegos de surpresa no dia em que foi creditado na conta dos servidores, mais uma vez o ElogicaRH, de forma equivocada, tinha gerado o arquivo de crédito referente a folha de 13º da competência de 2009, identificamos que o problema ocorreu numa tabela de cabeçalhos de folha, denominada FAPPTBHEAD, não possuía a informação dessa folha, cuja a descrição era tipo “E3”, competência “112010”, a única que existia era de 2009, ou seja tipo “E3”, competência “112009”. Posteriormente, corrigimos essa informação manualmente, criando esse registro nessa tabela.


Identificamos imediatamente o problema, levantamos todas as inconsistências de pagamentos e tratamos, no primeiro momento, de corrigir os erros. Os que receberam a menor foram todos pagos a diferença em folha suplementar, bem como os que não receberam nada e constava pagamento para os mesmos; os que não deveriam ter recebido nada, esses tiveram os valores estornados de suas contas bancárias pela CEF a pedido da SEGESP e outros sequer tiveram creditados os valores, uma vez que a conta bancária não estava mais ativa, retornando os valores para conta do Estado. Há ainda um pequeno saldo de pessoas que não tiveram creditado um valor parcial ou integral do 13º, mas esses estão sendo corrigidos à medida que se analisa cada caso, para verificar se já houve algum crédito anterior a maior ou menor, para esse servidor e/ou pensionista para seja creditado o valor devido pelo Estado.


Todos os fatos ocorridos no 13º salários do ano 2010 foram identificados e informados as instâncias superiores. E se não já foram resolvidos, estão sendo paulatinamente pagos em folhas suplementares e/ou arquivos de créditos complementares.


Parágrafo 05.

Valor do salário líquido maior que o do bruto?

- Não foi identificado nenhum caso em que ocorreu crédito de valor a maior do que foi corretamente contabilizado em folha. O único fato semelhante ocorreu em um pequeno espaço de tempo, na emissão de contracheque pelo sistema, onde realmente, houve um erro na impressão nos valores brutos e líquido, e que, uma vez identificado, foi prontamente corrigido pela empresa, porém isso foi o erro localizado nessa tela do sistema, não refletindo tal fato nos arquivos de créditos enviados a CEF na época, e nenhum servidor teve crédito a maior como constou apenas na impressão do contracheque equivocado.


Parágrafo 06.

Prejuízo de cerca de dois milhões?

- Os pagamentos equivocados foram estornados pela CEF para conta do Estado a pedido da SEGESP. Essa informação de “cerca” de dois milhões, se correta, não levou em consideração essa devolução, que equivale à quase a totalidade dos valores depositados equivocadamente. Ou seja, os erros iniciais de informação não se consubstanciaram em perdas para o Estado, uma vez que houve o estorno pela Caixa Econômica de valores creditados para posterior pagamento dos sevidores.


Parágrafo 07.

Os “técnicos” que operam a folha não sabem botar ordem no caos.

- Os técnicos que operam o sistema Integra, tem o total controle dos fatos ocorridos com esse sistema, uma vez que os problemas são em decorrência da falta de consistência nos dados oriundos do sistema ElogicaRH, dados esses que são primordiais para a perfeita operação do novo sistema.

Causa estranheza a informação da solicitação de vinda da empresa Elogica a Maceió para corrigir as falhas da folha, até mesmo porque, quase a totalidade dos erros são em decorrência da forma inadequada que o antigo sistema ElogicaRH tratava as informações, de maneira falha e insegura na validação dos dados, chegando até a exibir a senha do administrador do banco de dados para qualquer usuário desse sistema. Informações essas que, infelizmente, tiveram que ser migradas da mesma forma para o novo sistema, o que ocasionou os fatos conhecidos por todos.

Parágrafo 08.

Servidores estaduais que conhecem de gestão de RH contestam implantação.

- Há um gritante equivoco na matéria desse jornal, onde afirma que servidores que conhecem de gestão de recursos humanos disseram que a implantação do sistema novo ocorreu de forma “desastrosa”, citando até a técnica paralelismo na implantação de sistema.

Como o próprio nome diz, gestor de RH conhece os procedimentos de recursos humanos; quem conhece de implantação de sistemas são os analistas de sistemas e técnicos em TI. Uma vez implantado o sistema, esse é homologado por esses profissionais, fato esse ocorrido na implantação do Integra. Tal declaração mostra o total desconhecimento de quem prestou as informações e de quem editou a matéria sobre a implantação do novo sistema.

Todos os técnicos que participaram da implantação do Integra, tanto da SEGESP que acompanharam, quanto da empresa Poligraph, são altamente capacitados para participarem de quaisquer implantações de sistemas, tendo suficiente know-how para isso.

Na migração e implantação do sistema foram adotados todos os critérios técnicos que se espera numa mudança de sistemas no porte de uma folha pagamento. Tudo de forma transparente e registrado cada passo dado, para que se tenha um legado das atividades executadas.

Sobre o procedimento de paralelismo mensal dos sistemas no cálculo da folha, esse foi realizado, inclusive nos três meses que antecederam a implantação definitiva do novo sistema, só que de maneira deficiente, porque não houve um empenho necessário dos órgãos participantes na alimentação dos dados nos dois sistemas, com isso não surtiram efeitos nas três tentativas de paralelismo de sistemas. Apesar disso, foram feitos comparativos dos cálculos finais da folhas. Identificamos diversas divergências nos resultados apresentados. Percebemos, por exemplo, que em alguns casos, rubricas como de imposto de renda nos dois sistemas apresentavam valores discrepantes. Analisando os casos, verificamos que existiam erros nos cálculos realizado pelo antigo sistema ElogicaRH, fato esse não ocorria no sistema Integra. Por sinal, esse era uma antiga reclamação da Secretaria da Fazenda, pois ela sempre contestava o valor do IR, calculado no ElogicaRH.



Parágrafo 10.
Implantação em tempo recorde.
- O pouco tempo para implantação do novo sistema, esquecendo todos os entraves que ocorreram ainda na aprovação do processo que viabilizou a aquisição do novo sistema, foi em decorrência a descoberta que o antigo sistema ElogicaRH encerraria suas atividades em dezembro de 2010, não mais calculando nenhuma folha a partir desse data. Atualmente, esse sistema não gera mais nenhum arquivo de crédito; o sistema de consignações, por outro lado, teve a licença de uso expirada, além disso, em agosto de 2008, o ElogicaRH parou de calcular a folha, informando um erro de “estouro” na capacidade de armazenamento de registro de dados, sendo que esse controle da quantidade de registro é realizado pelo aplicativo, bem como a impossibilidade de criar níveis salariais, lotações, etc. Quando descoberto essas travas no antigo sistema, a equipe de TI não mediu esforços, analisando tudo que era possível para achar uma solução, pois do contrário o caos instalaria na folha de pagamento do Estado. Após alguns dias de trabalhos árduos, essa equipe conseguiu achar uma solução paliativa para que fosse calculada a folha desse mês e posteriores. Fato esse se repetiu até as folhas de novembro de 2010. Esse procedimento evitou o temido caos na folha; tudo isso foi relatado ao excelentíssimo Governador em reunião e por escrito.


Parágrafo 12.

Foram afastados servidores efetivos e substituídos por comissionados.

- O sistema da folha, nunca foi operacionalizado por servidores efetivos e, sim, na totalidade pela empresa Elogica, que mantinha uma equipe de cinco pessoas dentro da SEGESP, que gerava uma despesa gigantesca para o Estado em relação aos deficientes serviços que eram prestados pela mesma.
Devida a dedicação plena dos servidores comissionados, que assumiram de forma árdua a administração de um sistema arcaico, falho e impreciso, que inicialmente era apenas operado por duas pessoas, promoveram uma sobrevida ao sistema que se degradava a cada dia, chegando a desenvolver alguns sistemas satélites, para que fosse extraídas informações muito mais confiáveis do que as que gerada pelo antigo ElogicaRH. Esses mesmo comissionados mantiveram até o momento de forma satisfatória todos os serviços da folha, apesar dos empecilhos colocados de maneira pensada no código do sistema, mesmo assim, essa equipe de comissionados soube contornar e não prejudicar milhares de pessoas que recebem seus vencimentos pagos pelo Estado. A equipe de TI, também de comissionados, promoveu uma evolução na infraestrutura tecnológica da folha de pagamento, atualizando o parque de equipamentos ultrapassados, com os mais modernos disponíveis no mundo, colocando o Estado de Alagoas como ponto de referência em relação aos demais estados brasileiros.

Atualmente, o gestor maior do sistema é um funcionário efetivo da Secretaria da Fazenda, cedido a SEGESP e toda tecnologia adquiria pode ser facilmente repassada ao Estado, sem custos posteriores, pelas empresas que forneceram sistemas e equipamentos, diferentemente com o ocorrido junto a empresa Elogica, que até hoje não forneceu o código-fonte do antigo sistema ElogicaRH.



Parágrafo 13.

Pagamento Indevido

- Mais equivoco intencional da matéria quando menciona o pagamento indevido de hora extra (serviços extraordinários) a servidores comissionados. Todos os pagamentos referente a hora extra recebidos pelos servidores comissionados citado na matéria, foram autorizados pela PGE e posteriormente pelo Governador do Estado, publicado na impressa oficial. Esses pagamentos de julho de 2009 referem-se ao período de trabalho do último Censo que ocorreu no Estado. Os de novembro e dezembro foram pagos a somente um funcionário, por serviços prestados na comissão estabelecida para pagamento do FGTS. Todos esses processos encontram-se na SEGESP para consulta.

Folha de pagamento do Estado (II)


Twitter Extra - Elógica.png  on Aviary

Continuo aqui respondendo a matéria do jornal Extra, que me acusa de ter bagunçado a folha de pagamento do Estado e, pior!, ainda sair impune, como se vê na chamada da matéria do Twitter.

Nunca houve uma licitação tão divulgada para a folha de pagamento. Até mesmo porque nunca houve um embate tão transparente entre o Governo do Estado e um prestador de serviço, com as suas vísceras expostas em público. Aliás, a licitação foi precedida de uma consulta pública, com a publicação prévia da minuta do edital, possibilitando sobre ela ampla discussão, debates, questionamentos, sugestões (veja aqui ou aqui). Note-se: mais do que uma divulgação, buscou-se um controle social do processo licitatório, com a possibilidade de participação dos interessados e dos experts em informática no processo de confecção da redação final do edital.

Foram várias as matérias jornalísticas, os embates públicos desgastantes, sempre feitos de uma forma transparente e franca, com esta reportagem da TV Pajuçara/Record:


As razões para o rompimento contratual com a Elógica estão expressas em despacho motivado, cujo conteúdo foi feito público e amplamente divulgado (Pode ser lido aqui ou aqui). Ali, no despacho, há a narração de todos os fatos, das tentativas de resolução amigável dos problemas gravíssimos encontratados, inclusive com a implantação em Alagoas de uma nova versão do programa, desatualizado (pasmem!) em absurdas 16 versões (aqui).


Mesmo com todo o esforço de um encaminhamento conjunto das soluções dos problemas encontrados, com a vinda de um funcionário da Elógica para Alagoas para adequar o sistema às normas de segurança, o que se observou foram as manutenções dos mesmos vícios, agora com uma atuação deliberada, como o gravíssimo problema de vazamento de senhas. Os técnicos da Elógica podiam ingressar no sistema usando, inclusive, a senha de terceiros, servidores da Secretaria de Gestão Pública.

Uma das acusações feitas pela matéria do jornal Extra, alinhada com a Elógica, seria a de que o Estado de Alagoas teria usado o programa Elógica-RH mesmo após o rompimento contratual, o que a matéria denominou de "pirataria". Ocorre que o Estado de Alagoas ingressou, através da Procuradoria Geral do Estado, com uma ação cautelar (Processo nº 0028831-15.2009.8.02.0001), em que se concedeu medida liminar autorizando "execução de rotina, extração de relatórios e efetivação de administração na área de segurança e na área de aplicação de usuário" (aqui). Os termos da Ação Ordinária proposta pelo Estado de Alagoas são peremptórios, não deixando margem à dúvida (na cópia, desconsidere-se a primeira página, que é parte de outro documento - leia aqui).Como se pode observar, o Estado de Alagoas tomou todas as providências legais em defesa do interesse público. Não se tratava, portanto, de uma querela pessoal entre um um secretário de Estado e uma prestadora de serviço, mas um litígio entre a Administração Pública, através dos seus órgãos competentes, e uma prestadora de serviço que cumpria mal as suas obrigações contratuais.

Note-se que o Dr. Manuel Cavalcante, em sua decisão anteriormente citada, diante da gravidade dos fatos e das provas apresentadas pelo Estado de Alagoas, determinou a remessa de cópia dos autos à Procuradoria Geral de Justiça, para que o Ministério Público Estadual tomasse as medidas pertinentes.

O que é importante, ao fim e ao cabo, é que foram feitos estudos técnicos pela empresa MODULO SECURITY SOLUTIONS, que instruem os processos movidos pelo Estado de Alagoas contra a empresa Elógica, em que se demonstram os graves problemas do Sistema Elógica-RH (pode ser lido aqui). Nele, observa-se a absurda ausência de segurança do sistema, inclusive sem meios de rastrear quem fizesse malfeitos na folha. Um sistema de gestão de folha de pagamento em que "não foi identificado qualquer tipo de mecanismo e/ou registro de auditoria". Como um sistema de gestão de folha é incapaz de ser auditado e de apontar quem fez alguma irregularidade? Por que será que o sistema não apontava quem eventualmente tinha feito a implantação de alguma gratificação indevida, através do log? Basta ler as conclusões do relatório:

"Ante o exposto neste relatório, somos levados a concluir que o sistema ElógicaRH não atende às características esperadas de um sistema que se propõe a atender as áreas de Recursos Humanos e Administração de Pessoal. Mesmo possuindo as funcionalidades necessárias para a execução destas atividades, em diversos pontos pudemos observar que informações que deveriam ser resguardadas e acessadas apenas pelos usuários gestores e administradores do sistema eram disponibilizadas aos usuários normais enquanto operavam o sistema. (...)

As exposições de senha e falhas encontradas no sistema ElógicaRH propiciam um ambiente de grande risco para a empresa contratante. Neste cenário, pessoas mal intencionadas podem facilmente e sem deixar traços de suas atividades, alterarem dados, modificarem informações sensíveis e exporem informações confidenciais. Todo este cenário se traduz em um alto risco operacional para a SEGESP, uma empresa pública, usuária do sistema avaliado e a todos os funcionários suportados pelo sistema."

É essa a solução "salvadora" para a folha de pagamento do Estado de Alagoas, segundo o Extra? Um sistema que está sob investigação da Polícia Federal (inicialmente, inclusive, a pedido da própria Caixa Econômica Federal - aqui ou aqui) e que ficou impedido de contratar com o Estado de Alagoas por dois anos, em razão de decisão administrativa (aqui ou aqui)?

Creio, assim, que fica patente que a licitação da folha de pagamento do Estado foi amplamente divulgada, não tendo havido nenhuma impugnação do edital, cuja redação fora aprovada pelo ITEC e pela Procuradoria Geral do Estado. Ademais, fica claro que o Estado de Alagoas tinha, como tem, direito aos códigos fontes do programa que rodava a folha (a empresa Elógica, após relutar judicialmente em ceder os códigos fontes, teria, em 15 de dezembro de 2010, oferecido a sua cessão a título de colaboração com a nova gestão, em ofício que teria sido encaminhado ao Gabinete Civil).

No próximo texto, falarei sobre os custos do sistema Elógica-RH e do sistema Integra, bem como sobre os atuais problemas do sistema Integra e a sua solução.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Folha de pagamento do Estado (I)

O jornal Extra desta semana publicou uma matéria intitulada "Estado perde o controle da folha de pagamento". Como não sou, desde 2008, secretário da Gestão Pública do Estado de Alagoas, não me competiria falar sobre o tema, acaso não citassem, ainda que de passagem, o meu nome e o trabalho que fizemos, com muito orgulho, à frente daquela pasta.

A matéria tem quatro subtítulos: prejuízo de R$ 2milhões/mês, salvadora da folha, licitação sob suspeita e pirataria. Trata-se a matéria, como se demonstrará, de uma tentativa de desqualificar o novo sistema da folha de pagamento do Estado, buscando beneficiar a empresa Elógica, responsável pelo anterior sistema que operava no Estado.

Antes, porém, de responder ponto a ponto os aspectos suscitados na matéria do jornal Extra, convém asseverar que o atual sistema licitado pertence ao Estado de Alagoas. Não é de propriedade da empresa A ou B, mas do Estado. A empresa que ganhou a licitação apenas tem a função de implantar o sistema e gerir, até que o Estado tenha um corpo de servidores efetivos que assuma integralmente a folha de pagamento. E o sistema foi planejado na Gestão Pública, aprovado oficialmente pelo ITEC e licitado através de concorrência pública, que não sofreu nenhuma impugnação, nem mesmo da Elógica.

Em um dos meus últimos atos como secretário de Estado da Gestão Pública, em junho de 2008, entreguei formalmente ao governador do Estado o projeto de modernização da gestão pública estadual, com o novo sistema da folha de pagamento, sendo acompanhado pelo secretário-adjunto da Gestão Pública, João Carlos Barros, o então Superintemente de Modernização da Gestão, Guilherme Lima, e o presidente do ITEC, Luiz Eugênio:


Fotos de eventos de governo

Esse projeto, que está em início de implantação (e tendo os naturais percalços em razão da sua complexidade), passou por um longo percurso burocrático, motivo pelo qual a sua execução demorou a ocorrer além do que seria o razoável. Mas ao gestor público responsável não intimida essas dificuldades naturais; serve, antes, de estímulo e desafio. Implantar o novo, deixando as carcomidas estruturas para trás em um processo sempre delicado, desafiador, mas alvissareiro.

Gostaria de lembrar que, na minha gestão, fizemos a apuração dos desvios da folha de pagamento, das fraudes existentes, inclusive chamando a Polícia Federal para investigar os empréstimos consignados e as lesões à ordem tributária, como se vê na reunião que fizemos com a presença do então superintendente da Polícia Federal, Pinto de Luna, o delegado Adriano Moreira, o então Controlador Geral do Estado, Alexandre Lages, e o então secretário da Defesa Social, Paulo Rubim:


Reunião: Polícia Federal, Gestão Pública e Controladoria

Sobre isso, falamos ao programa Bom Dia Alagoas, da TV Gazeta de Alagoas, cuja entrevista é esclarecedora, mostrando as aberrações do sistema Elógica (chamado pelo Extra de "salavador"), as gravidades das fraudes, as dificuldades da transição de sistemas, como ocorre agora, para a moralização da folha.


Por isso, antes de responder a matéria do jornal Extra, convém relembrar o que era a Secretaria de Administração, cuja mudança de nome não foi cosmética (era uma mudança de parâmetros e abrangência das suas atribuições, fundada na modernização e tecnologia da informação), quando a encontramos e as mudanças que foram implementadas. Além disso, a fraude que havia no sistema de gestão da folha de pagamento (Elógica-RH), inclusive com vazamento de senhas. E nada melhor do que relembrar a minha exposição, feita à Assembleia Legislativa do Estado de Alagoas. Segue a íntegra da minha participação, exposta em 8 vídeos. Quem tiver paciência de assistir, compreenderá com riqueza de detalhes a realidade que encontramos e as razões para que rompêssemos a relação com a Elógica:





sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Música do fim de semana: Gonzaguinha

O talento de Gonzaguinha se mostrava nas suas músicas românticas de letras fortes, bem trabalhadas, verdadeiras poesias. Filho de Luiz Gonzaga, seguiu a tradição do pai no talento musical, tecendo lindas composições cantadas por ele e, depois, por grandes intérpretes da MPB. Posto, para esse fim de semana, uma das suas mais belas músicas: Sangrando.



O sentimento de urgência do amor

No amor há o sentido da urgência. A urgência do carinho, dos cuidados, dos gestos de afeto. A urgência do abraço apaixonado, dos beijos molhados e do encontro de corpos.

Há a urgência do ouvir a voz de quem se ama, sentindo que há amor também, ali, expressando-se na inteireza da alma, no enleio de corpos e mãos, nas impurezas essenciais, sem as quais o amor não é puramente amor.

Há a urgência do abraço, quando se está perto; a da saudade, quando se está distante. A necessidade da fala, da palavra que se despe e, afoita, veste-se de carinhos, afeições e desejos. Os suspiros profundos, o olhar firme e sem virtudes, tudo em profusão urgente, em atropelos de querer exatos e inexatos, como sói ser o sentimento indomado.

Há a urgência do "eu te amo!", do "estou aqui", do "é para sempre". Sim, o amor transforma em urgente a consumação da eternidade; há já e sempre, para todo o sempre, o hoje do amor.

O sentimento de urgência da perdição no olhar, na boca, nas pernas desunidas em litígio; a urgência do estar juntos, do encontro após as inevitáveis brigas. Sim, porque o amor tem uma temperatura acima do tom, uma inquietude constante, que desinstala, desarruma, renova-se...

O amor faz com que vejamos a mulher amada como a nossa Gilda ("Nunca houve uma mulher como Gilda", dizia-se na propaganda do clássico filme de Rita Hayworth, em 1946, em que se fez o striptease mais famoso do cinema: bastou-lhe tirar apenas uma luva - aqui). Sim, na urgência do amor nunca há mulher igual à nossa, que se faz única nos gestos, trejeitos e modos.

Enfim, amor sem sentimento de urgência é o amor sem a coragem de amar, acovardado de si mesmo, sem ímpeto, despedaçado de tão pobre. Amor acomodado, que tem medo de sofrer, de cair e levantar. É o não-amor dizendo-se amor!