No amor há o sentido da urgência. A urgência do carinho, dos cuidados, dos gestos de afeto. A urgência do abraço apaixonado, dos beijos molhados e do encontro de corpos.
Há a urgência do ouvir a voz de quem se ama, sentindo que há amor também, ali, expressando-se na inteireza da alma, no enleio de corpos e mãos, nas impurezas essenciais, sem as quais o amor não é puramente amor.
Há a urgência do abraço, quando se está perto; a da saudade, quando se está distante. A necessidade da fala, da palavra que se despe e, afoita, veste-se de carinhos, afeições e desejos. Os suspiros profundos, o olhar firme e sem virtudes, tudo em profusão urgente, em atropelos de querer exatos e inexatos, como sói ser o sentimento indomado.
Há a urgência do "eu te amo!", do "estou aqui", do "é para sempre". Sim, o amor transforma em urgente a consumação da eternidade; há já e sempre, para todo o sempre, o hoje do amor.
O sentimento de urgência da perdição no olhar, na boca, nas pernas desunidas em litígio; a urgência do estar juntos, do encontro após as inevitáveis brigas. Sim, porque o amor tem uma temperatura acima do tom, uma inquietude constante, que desinstala, desarruma, renova-se...
O amor faz com que vejamos a mulher amada como a nossa Gilda ("Nunca houve uma mulher como Gilda", dizia-se na propaganda do clássico filme de Rita Hayworth, em 1946, em que se fez o striptease mais famoso do cinema: bastou-lhe tirar apenas uma luva - aqui). Sim, na urgência do amor nunca há mulher igual à nossa, que se faz única nos gestos, trejeitos e modos.
Enfim, amor sem sentimento de urgência é o amor sem a coragem de amar, acovardado de si mesmo, sem ímpeto, despedaçado de tão pobre. Amor acomodado, que tem medo de sofrer, de cair e levantar. É o não-amor dizendo-se amor!
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