Uma educadora fez hoje uma preleção para os pais novatos. Uma bela explanação. Poderia enfatizar vários aspectos, todos aqui e ali tratados por mim neste blog: cabe aos pais educar, passar os seus valores, dar os limites, estimular o diálogo. A escola tem uma importante função coadjuvante, sobretudo hoje em que as famílias são menores, sem tantos filhos: na escola é que começa o processo de vivência coletiva, a passagem da experiência privada para a pública. As crianças aprendem a competir, a respeitar o espaço alheio e a defender o seu próprio espaço. Começa a aprender regras de convívio e, mais ainda, pô-las em prática.
De toda a rica explanação feita pela diretora da escola, Vera, uma palavra me chamou mais ainda a atenção: o sentimento de pertencialidade, neologismo com o qual ela sublinha a relação da criança com as suas coisas, como os brinquedos, a bolsa, os livros, a roupa.
As crianças cujos pais têm alguma condição financeira estão muitas vezes saturadas de tantos presentes, de tantos brinquedos, que já não valorizam a relação com eles, o sentimento de responsabilidade e cuidado. Ganham um tênis, por exemplo, curtem e perdem, para já no outro dia ganhar novo tênis, sem sequer sentir as consequências da perda. Saturadas de terem tudo, não aprendem o valor das coisas, o zelo por elas, o sentido da conquista. Uma criança que perdeu o relógio em um dia e já chegou no colégio, no dia seguinte, com outro relógio, não pode saber o significado da perda, o sacrifício para a conquista e a alegria por merecê-la. Serão os adolescentes sem limite de amanhã, os adultos problemáticos que não foram estruturados para os desafios da vida.
A relação de pertencialidade não é o estímulo ao individualismo. Ao contrário, é o ensino do valor das coisas, fazendo com que a criança desenvolva o seu espaço, o seu mundo, que não é descartável simplesmente, como o relógio do exemplo dado. Assim, a criança amadurece a sua relação com as coisas, com as pessoas, consigo mesma. Descobre que é preciso cuidar para ter. Como a mãe que deixou a criança ir um dia descalça para a escola, depois que o filho perdeu o tênis, no dia seguinte outro tênis e no outro a sandália. Sabendo as consequências da falta de cuidado, aprendeu a criança a importância das suas coisas, o zelo pelo seu mundo.
Quantas vezes a nossa ética faz descartáveis as pessoas? Usamos para depois rifá-las sem nenhum respeito, nenhuma razão, nenhum cuidado, seja nas relações pessoais, profissionais, ou afetivas. Porque simplesmente falta o desenvolvimento maduro da pertinencialidade desde a infância.
Bem, o valor da educação é imenso e a responsabilidade que repousa sobre os pais, ingente. Se bem soubéssemos, seríamos parceiros da escola, vendo nela uma ferramenta fundamental no desenvolvimento dos filhos, porém sabendo que é nossa, dos pais, a responsabilidade de educar e pôr limites.
De toda a rica explanação feita pela diretora da escola, Vera, uma palavra me chamou mais ainda a atenção: o sentimento de pertencialidade, neologismo com o qual ela sublinha a relação da criança com as suas coisas, como os brinquedos, a bolsa, os livros, a roupa.
As crianças cujos pais têm alguma condição financeira estão muitas vezes saturadas de tantos presentes, de tantos brinquedos, que já não valorizam a relação com eles, o sentimento de responsabilidade e cuidado. Ganham um tênis, por exemplo, curtem e perdem, para já no outro dia ganhar novo tênis, sem sequer sentir as consequências da perda. Saturadas de terem tudo, não aprendem o valor das coisas, o zelo por elas, o sentido da conquista. Uma criança que perdeu o relógio em um dia e já chegou no colégio, no dia seguinte, com outro relógio, não pode saber o significado da perda, o sacrifício para a conquista e a alegria por merecê-la. Serão os adolescentes sem limite de amanhã, os adultos problemáticos que não foram estruturados para os desafios da vida.
A relação de pertencialidade não é o estímulo ao individualismo. Ao contrário, é o ensino do valor das coisas, fazendo com que a criança desenvolva o seu espaço, o seu mundo, que não é descartável simplesmente, como o relógio do exemplo dado. Assim, a criança amadurece a sua relação com as coisas, com as pessoas, consigo mesma. Descobre que é preciso cuidar para ter. Como a mãe que deixou a criança ir um dia descalça para a escola, depois que o filho perdeu o tênis, no dia seguinte outro tênis e no outro a sandália. Sabendo as consequências da falta de cuidado, aprendeu a criança a importância das suas coisas, o zelo pelo seu mundo.
Quantas vezes a nossa ética faz descartáveis as pessoas? Usamos para depois rifá-las sem nenhum respeito, nenhuma razão, nenhum cuidado, seja nas relações pessoais, profissionais, ou afetivas. Porque simplesmente falta o desenvolvimento maduro da pertinencialidade desde a infância.
Bem, o valor da educação é imenso e a responsabilidade que repousa sobre os pais, ingente. Se bem soubéssemos, seríamos parceiros da escola, vendo nela uma ferramenta fundamental no desenvolvimento dos filhos, porém sabendo que é nossa, dos pais, a responsabilidade de educar e pôr limites.
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