A decomposição política e moral no Senado é visível e grave. Os ataques pessoais entre senadores começa a gerar um clima de guerra perigoso para a instituição, que deveria ser a câmara alta, porém nunca esteve tão agachada. Às acusações de ilicitudes administrativas, outras são feitas, apenas com o sinal trocado, de modo a vincar bem que todos são iguais: ali não há virgens nem querubins.
Renan Calheiros chamou Tasso Jereissatti de "coronel", que retrucou chamando-o de "cangaceiro". Os senadores do nordeste revivem assim as diatribes entre uns e outros, trazendo para a Nação a epopeia tipicamente sertaneja. Porém, as armas da peleja passaram a ser ofensas pessoais e denúncias de corrupção. Uns assacando contra os outros, nauseando a plateia atônita e embasbacada.
Sarney poderá, diante do teatro belicoso em que se transformou o plenário do Senado, permanecer na presidência daquela casa legislativa. Com o controle sobre o Conselho de Ética, além da maioria no plenário - o apoio incondicional de Lula mantém musculatura política para o octagenário senador porfiar -, José Sarney não será ejetado da cadeira azul de elevado espaldar. Sairá se desejar fazê-lo, nos termos e condições que vier a impor. Até lá, porém, o Senado vai se decompondo, perdendo o que lhe resta de legitimidade, com os senadores se agredindo mutuamente, numa luta sinistra em que não há vencedores: todos perdem, sobretudo a democracia.
Renan Calheiros mudou o perfil como político. Reconhecidamente hábil, exímio articulador, sempre buscou atuar em busca de consensos, evitando confrontos públicos. Desde que foi conduzido ao inferno astral, quando presidente do Senado, enfrentando uma campanha virulenta contra ele, que terminou por levá-lo à renúncia, Renan mudou: passou a ser enfático, agressivo, combativo, duro nas falas, enfrentando de peito aberto os seus detratores. Faz por Sarney o que ninguém fez por ele, indo para o ataque sem pejo, de modo intimorato. E assim passou a ser temido, respeitado e odiado.
Renan joga um jogo pesado, duro, sem meias medidas. Não se utiliza mais de ardis para engalanar manobras regimentais: elas estão à mostra, claramente, para serem vistas. A maioria se impõe, e pronto. Assim, o Conselho de Ética teve os seus membros indicados pelo PMDB com o critério da fidelidade canina à liderança. Não se indicaram nomes aceitos pela opinião pública, simbolicamente respeitados. Não. Nos tempos atuais, o Senado expurgou a opinião pública e passou a conviver com o jogo bruto, antes circunscrito aos bastidores, sob os holofotes da Tv Senado, invadindo as casas das pessoas. Os símbolos de probidade passaram a ser devastados publicamente, como ocorreu com Pedro Simon, que passou a guardar o silêncio no dia de hoje, após o severo embate com Renan e Collor.
Calheiros dá as cartas e joga uma partida de riscos elevados, mas calculados. Joga com lances de mestre, sabendo que tem o jogo em suas mãos, porque haverá de contar com o apoio contrito e irrestrito de um PT agachado diante da CPI da Petrobras, cuja direção está nas mãos do PMDB. As pedras do xadrez foram bem movimentadas e o presidente Lula percebeu que está preso aos desdobramentos da crise no Senado: se jogar Sarney às feras, verá aberta a caixa de pandora dos gastos heterodoxos da Petrobras.
Não é à toa que a blogosfera petista ou chapa branca ataca Pedro Simon, defendendo José Sarney, ainda que timidamente, como Luis Nassif, cujo blog mostrou-se decididamente em defesa de Sarney, ainda quando parecia criticá-lo.
Renan Calheiros conseguiu, com a sua liderança, deixar desnorteada a oposição a Sarney. E o Senado vive o seu pior impasse, constrangedoramente. Até onde essa crise vai, ninguém sabe. Mas já se sabe o seu resultado imediato: a irrelevância do Senado em nossa democracia.
Renan Calheiros chamou Tasso Jereissatti de "coronel", que retrucou chamando-o de "cangaceiro". Os senadores do nordeste revivem assim as diatribes entre uns e outros, trazendo para a Nação a epopeia tipicamente sertaneja. Porém, as armas da peleja passaram a ser ofensas pessoais e denúncias de corrupção. Uns assacando contra os outros, nauseando a plateia atônita e embasbacada.
Sarney poderá, diante do teatro belicoso em que se transformou o plenário do Senado, permanecer na presidência daquela casa legislativa. Com o controle sobre o Conselho de Ética, além da maioria no plenário - o apoio incondicional de Lula mantém musculatura política para o octagenário senador porfiar -, José Sarney não será ejetado da cadeira azul de elevado espaldar. Sairá se desejar fazê-lo, nos termos e condições que vier a impor. Até lá, porém, o Senado vai se decompondo, perdendo o que lhe resta de legitimidade, com os senadores se agredindo mutuamente, numa luta sinistra em que não há vencedores: todos perdem, sobretudo a democracia.
Renan Calheiros mudou o perfil como político. Reconhecidamente hábil, exímio articulador, sempre buscou atuar em busca de consensos, evitando confrontos públicos. Desde que foi conduzido ao inferno astral, quando presidente do Senado, enfrentando uma campanha virulenta contra ele, que terminou por levá-lo à renúncia, Renan mudou: passou a ser enfático, agressivo, combativo, duro nas falas, enfrentando de peito aberto os seus detratores. Faz por Sarney o que ninguém fez por ele, indo para o ataque sem pejo, de modo intimorato. E assim passou a ser temido, respeitado e odiado.
Renan joga um jogo pesado, duro, sem meias medidas. Não se utiliza mais de ardis para engalanar manobras regimentais: elas estão à mostra, claramente, para serem vistas. A maioria se impõe, e pronto. Assim, o Conselho de Ética teve os seus membros indicados pelo PMDB com o critério da fidelidade canina à liderança. Não se indicaram nomes aceitos pela opinião pública, simbolicamente respeitados. Não. Nos tempos atuais, o Senado expurgou a opinião pública e passou a conviver com o jogo bruto, antes circunscrito aos bastidores, sob os holofotes da Tv Senado, invadindo as casas das pessoas. Os símbolos de probidade passaram a ser devastados publicamente, como ocorreu com Pedro Simon, que passou a guardar o silêncio no dia de hoje, após o severo embate com Renan e Collor.
Calheiros dá as cartas e joga uma partida de riscos elevados, mas calculados. Joga com lances de mestre, sabendo que tem o jogo em suas mãos, porque haverá de contar com o apoio contrito e irrestrito de um PT agachado diante da CPI da Petrobras, cuja direção está nas mãos do PMDB. As pedras do xadrez foram bem movimentadas e o presidente Lula percebeu que está preso aos desdobramentos da crise no Senado: se jogar Sarney às feras, verá aberta a caixa de pandora dos gastos heterodoxos da Petrobras.
Não é à toa que a blogosfera petista ou chapa branca ataca Pedro Simon, defendendo José Sarney, ainda que timidamente, como Luis Nassif, cujo blog mostrou-se decididamente em defesa de Sarney, ainda quando parecia criticá-lo.
Renan Calheiros conseguiu, com a sua liderança, deixar desnorteada a oposição a Sarney. E o Senado vive o seu pior impasse, constrangedoramente. Até onde essa crise vai, ninguém sabe. Mas já se sabe o seu resultado imediato: a irrelevância do Senado em nossa democracia.
Nunca antes nesse país, Adriano, nunca antes nesse país. Pelo menos não depois da redemocratização, pois antes já tivemos coisa pior acontecendo no Senado. E este governo (o executivo tem contribuído para as crises no legislativo, e como nunca dantes ocorreu na nossa história recente), com seu fisiologismo cara-de-pau, alimenta a baixaria e a farra no legislativo. Para onde vamos desse jeito? Que democracia é essa? Que homens públicos são esses? Que tempos!
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