quarta-feira, 1 de julho de 2009

A crise do Senado

A crise atual do Senado é idêntica àquela sob a presidência de Renan Calheiros. Fosse quem fosse o presidente, haveria chances dela acontecer; sendo Sarney a sentar naquela cadeira, a crise era inevitável, porque ele está na origem da sua causa: os vícios patrocinados por Agaciel Maia, o todo-poderoso ex-diretor geral da Câmara Alta.

Agaciel, como outros tantos, entrou pela janela no serviço público e enriqueceu. Ocupando cargos relevantes, mostrou-se competente na arte de dar soluções aos problemas e interesses dos senadores, naturalmente preservando o seu naco de vantagens, porque besta não era. E assim fez, criando toda a sorte de ajeitados, atendendo ao presidente da hora, satisfazendo aos senadores necessitados de sinecuras e arrumadinhos, tudo na calada dos atos secretos, aqueles que são sem nunca terem sido.

José Sarney poderá até não renunciar, já que conta com especial apoio do presidente Lula, que antecipou a sua volta ao Brasil, vindo das terras africanas. Poderá não renunciar, é certo, embora a sua idade avançada talvez já não tenha armazenado o tanto de energia suficiente para a execração pública a que é submetido dia sim, no outro também. Porém a sua manutenção naquela cadeira poderá ter um alto preço para si e para os seus seus: a exposição diária das suas vísceras, da alma do patrimonialismo made in Maranhão, do embotamento que a longevidade de poder pode causar em um homem público.

O Senado, hoje, é um circo dos horrores. Todos os dias pipocam escândalos. Os senadores começam a se perguntar quem será o próximo a ser exposto com a postergação de um final para a crise. Afinal, todos provoram, uns mais outros menos, das facilidades ofertadas pelos "agacieis" da vida, como pagamentos de contas de telefones de filhos, passagens aéreas para pessoas estranhas à casa, tratamentos elevados de saúde et caterva. Afora os que estão comprometidos com contratos feitos pelo Senado, de prestação de serviços a empréstimos consignados. O rosário é vasto.

A democracia, afinal, tem um preço e precisa de um parlamento forte. Essa a razão pela qual é urgente que haja uma reforma administrativa para o parlamento, em que as casas legislativas submetam-se à gestão responsável, à transparência e publicidade dos seus atos e aos limites dos respectivos duodécimos. A farra é grande porque há muito dinheiro e não se tem onde gastar seriamente. Então, locuplentam-se!

Vamos ver o que se fará com mais essa crise, que é nossa, porque deixa de joelhos um dos poderes da República; justamente aquele que calibra o grau de democracia de um povo.

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