quinta-feira, 23 de julho de 2009

15 dias de irresponsabilidade

Eu já havia falado sobre o uso político da grave pelos sindicatos, notadamente o SINTEAL. Hoje, paralisaram as atividades por 15 dias. Os alunos que - mais uma vez! - paguem o preço por essa irresponsabilidade institucionalizada e cíclica. Assim que acabar a negociação com os professores, o pessoal administrativo entra também em greve. E mais uma vez se repetirá o procedimento já ensaiado e óbvio do Sindicato, que vem ajudando a deteriorar de vez a qualidade do ensino público.

Segundo a Gazetaweb (aqui):

Mais uma vez os servidores da Educação se reúnem e decidem por advertência ao Governo do Estado. O encontro ocorreu no Clube Fênix Alagoano, na Avenida Assis Chateaubriand, Centro de Maceió, na manhã desta quarta-feira (22). Por unanimidade ficou acertado que após 72 horas, a partir de hoje, as atividades serão paralisadas durante 15 dias. Hoje à tarde os representantes da categoria, juntamente com o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) se reuniram com o secretário Rogério Teófilo, mas não obtiveram resultado positivo.

Segundo Izac Jackson, presidente da CUT, o Governo apresentou dificuldades com os números. “Mas por outro lado queremos uma proposta onde sejam mostrados números suficientes para atender ao conjunto de servidores e não somente da Educação. Porque em termos reais acreditamos que exista margem para o governador cumprir o pagamento das datas-base”- esclarece Jackson.

Com os servidores da Educação, segundo ele, a pendência do Estado é das datas-base referentes a 2008/2009 e com as demais categorias já são três.

“Existe a responsabilidade fiscal, mas também do lado de cá os subsídios corrigidos pela inflação e o servidor não pode perder”- enfatiza o presidente da CUT.

Na semana passada, conforme Izac, houve uma reunião entre CUT, Sinteal e Governo e “na ocasião ele apontou a vontade de entendimento com os servidores. Pediram a nossa ajuda [CUT] e abracei a causa. A luta agora é por todas as categorias, saúde, educação, agentes, peritos, entre outros”- conclui.

Como não ficar indignado com essa (im)postura da CUT e do SINTEAL, justamente quando se anuncia mais uma vez uma redução severa do FPE e o risco iminente do Estado, na situação atual e sem a concessão de um mísero real de aumento, descumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal e se inviabilizar financeiramente? Vejam a fala do Izac: sabe-se que o Estado não tem dinheiro, mas mesmo assim se faz a greve. E qual o pano de fundo disso? A eleição do SINTEAL. A oposição do sindicato busca tocar fogo na assembleia e a direação sindical não pode ou não tem como fazer o discurso da racionalidade. O que resta? A irresponsabilidade do efeito manada.

Agora, aproveito para falar sobre o comentário do meu caro Yuri, feito no post anterior sobre essa greve. Yuri, o Estado não tem dinheiro! Independentemente de cortes que se façam, Alagoas está endividada, com a sua receita corrente líquida comprometida até o limite com pagamento de salários, e isso para termos um serviço público de péssima qualidade. (por diversas razões, é certo, e sem que aqui se esteja estigmatizando os servidores públicos, a maioria deles comprometida com o trabalho e o desenvolvimento do Estado). Criou-se uma cultura, inclusive entre os formadores de opinião, de excessiva condescendência com a elite sindical alagoana - os mesmo de sempre há anos! -, justamente porque é o único setor organizado da sociedade civil. Eles têm força pela sua capacidade de mobilização e pela economia alagoana ser extremamente dependente do setor público, que é o maior empregador do Estado.

Se eu estivesse na secretaria da Gestão Pública estaria publicamente descendo a lenha nessa greve, cortando o ponto e indo para o enfrentamento na mídia. Está na hora de haver demissões por abuso do direito de greve e responsabilização dos sindicatos. E a minha postura não é radical, não. Eu não vejo outra saída para o Estado de Alagoas: reestruturação das suas finanças e aplicação firme de princípios da governança responsável. Dentro disso, a inflexibilidade com essas greves abusivas e irresponsáveis.

Quem conhece um pouquinho o setor da educação de Alagoas sabe que os nossos jovens estão sendo mutilados na sua formação. Imagine uma criança ou um adolescente que fica períodos a fio parado, todos os anos, por causa das greves. Além de ter as aulas suspensas, quebrando o seu estímulo, ainda terá que enfrentar reposições ridículas de aulas, fazendo de conta que cumpriu a carga horária mínima. Quem pagará essa conta no futuro?

2 comentários:

  1. Trabalho em uma repartição pública. Há professores, em sua maioria, que estão muito preocupados com a pedagogia do bolso oprimido...O que importa de verdade são seus salários. Mas não mudará, creio Dr. Adriano, somente com controle financeiro e demissões de funcionários ideologizados; pois, bem sabes o drama que o senhor passou diante de um cargo de secretário estadual que quer ajudar o Estado a bem funcionar. Uma tia minha, influenciada por uma cultura esquerdopata, que trabalha no Estado discutiu feio comigo quando defendi as suas atitudes no governo Téo. Ou seja, a massa derrubaria o primeiro governo que quizesse- baseado em uma política do Estado Mínimo - equilibrar financeiramente o Estado. Porém, se houvesse uma campanha séria de educação política entre os profissionais do Estado esplicando a eles o inchaço estatal que existe em Aagoas e os déficits de décadas que incidem no Estado, talvez funcionasse. A CUT, e vários sindicatos desestabilizariam o primeiro governo que batesse de frente com eles. Sei que o senhor tem coragem, porém o povo da América Latina e pior, o povo de Alagoas não está preparado culturalmente para políticos decentes, apenas para políticos messiânicos. A prova é o golpe em Honduras... O mundo critica os que tentaram defender a constituição e defendem um esquerdista lunático que quer ficar indeterminadamente no poder. Assim, em Alagoas o que imposta e mamar nas tetas do erário, até levá-lo a bancarrota.

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  2. Amigo Adriano,

    Demorei a comentar seu texto propositadamente. Preferi refletir um pouco mais, apurar melhor as reivindicações dos grevistas e os prejuízos aos alunos. Enfim, tentei e estou tentando enxergar a situação com a maior honestidade possível, guiando-me não pela emoção que às vezes cega, mas pela razão, que traz luz.

    Acabei de ler "Alagoas: da Era Suruagy à Era Sindical". Muito bom e ESCLARECEDOR. Agora, compreendo melhor seu posicionamento e me sinto mais convencido das razões que, antes, já me faziam ver algum oportunismo sindical. Sim, ainda me resta lucidez para perceber as malcriações da "elite sindical", regida pelas mesmas figuras, desde o tempo em que Jesus era menino.

    Há, entretanto, alguns pontos dos quais discordo, e gostaria de debatê-los francamente:

    1 - Com a redução de gastos desnecessários no Estado (algo que qualquer gestor público sério consegue empreender), penso que sobra verba (e MUITA, você sabe) para a Educação; ou seja, redireciona-se o dinheiro que está sendo mal-empregado. O que há de errado nessa lógica?

    2 - Se o Estado não tem dinheiro, inclusive nem mais previsão orçamentária para este ano, por que criou uma (pragmaticamente desnecessária, convenhamos) secretaria (a da Paz)? Necessidade ou jogo político, para albergar apadrinhados etc.?

    3 - O aumento salarial de professores e funcionários da Educação é uma necessidade, Adriano. Muitos estudaram ou ainda estudam para, tendo 40h por semana, receber em média R$ 2 mil mensais. As reivindicações vêm de longe. Os acordos descumpridos, também. Enquanto isso, o Legislativo tem em 2009 um duodécimo de R$ 113,4 milhões.

    4 - A reforma do TJ, que conta com mais 4 desembargadores e, logo, mais despesa, custou espantosos R$ 16 milhões aos cofres públicos, e o corregedor José Carlos Malta já admitiu publicamente, em entrevista concedida ao jornalista e amigo Odilon Rios, que o Poder precisa de mais dinheiro no duodécimo!

    Esses são alguns dos principais questionamentos e pontos que gostaria de ver lógica, racional e, sobretudo, honestamente respondidos.

    Superados, sentir-me-ia mais à vontade para rechaçar posturas das quais, como você, também discordo. Mas essas posturas - temos de ser justos - não são incoerentes no todo, entende? A questão não teria de passar pelo aspecto "prioridade"? Porque a Educação, a Saúde e a Segurança já não o são há muito!

    Diante disso tudo, o amigo nota minha angústia, ainda que eu reconheça e repudie toda a picaretagem de grande parte desse sindicalismo furibundo?

    Sim, em tempo: quando é mesmo que nossos homens públicos flagrados, em maior ou menor grau, em falcatruas (e vou além dos taturanas) vão começar não só a perder cargos mas também, e principalmente, repor a verba desviada?

    Quanto provincianismo, não é mesmo, meu caro? Ou então os meus 25 anos já estão velhos demais... Risos (para não chorar)...

    Por ora é isso. Forte abraço!

    P.S.: Não revisei linguisticamente este longo comentário, porém a essência, em conteúdo, está aqui.

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