terça-feira, 17 de novembro de 2009

De repente 40!

Amanheço mais velho, como todos os dias. Olho no espelho aquele homem que me transformei e vejo as marcas do tempo. Mas nele habita ainda a criança que corria nas ruas de Junqueiro, jogando bola, brincando livre e sem preocupações. Vejo o coreto da minha infância, ainda ali, chamando-me para brincar, para correr e pular. Hoje, tão diferente - como eu mesmo sou! -, ainda guarda as colunas do passado, o parapeito de ferro, as minhas tantas memórias.



A matriz de Nossa Senhora Divina Pastora, ontem tão grande para aquela criança que fui, onde participei das primeiras missas com o povo de Deus. Nela vi o meu pai fazendo as leituras na missa, vi a minha mãe com o véu branco ou preto que antigamente as mulheres costumavam usar com o terço na mão, vi os meus irmãos aprendendo a rezar e o brotar de vocações, vi, enfim, a criança que fui sendo acólito e ajudando o padre na missa, quebrando a galheta (o pobre do padre teve que acondicionar a água e o vinho em vidros de assugrin).



A criança que fui foi muito feliz naquela cidade, na minha aldeia, onde todos se conheciam e se respeitavam. A criança que fui sorria muito com o céu estrelado nas noites sem luz, com o abacateiro no quintal de casa, com as praças transformadas em campo de futebol. A criança que fui está viva em mim, fazendo-me sempre lembrar de onde vim, das minhas raízes, para que eu saiba sempre aode eu vou, com o prumo certo e os valores intocados.





Tudo o que sou como pessoa passa necessariamente pelos meus pais, Lourival e Tereza, e pelos meus irmãos, Henrique, Clara e Ricardo. São eles que me dizem o que sou no mundo, que dizem com as suas vidas a alegria que é a minha vida. A família que somos sempre foi o ninho que me fez aprender a voar, o lugar seguro para onde podia voltar durante o aprendizado da vida.



E a criança veio para Maceió aos nove anos. Que angústia aquela mudança. Um mundo novo, tão diferente da aldeia. Maceió era tão grande para os costumes e os horizontes de Junqueiro! Mas a criança sobreviveu aos medos e pode aprender com as mudanças, com os novos costumes, com o ambiente do Colégio Marista, competitivo e saudável. A criança virou um adolescente cheio de castelos no ar, paqueras, aulas para as meninas da Vila dos Sargentos, menos estudos e mais brincadeiras. Até ir para a recuperação no 1º ano científico e levar um "aperto" do velho que nunca foi esquecido. Perdi o nome. Agora, era chamado em casa pela nova identidade: "Recuperando"! Eita. Ali fiz a promessa ao meu pai que cumpro até hoje: "Mais nunca o Sr. vai me chamar a atenção por falta de estudos. Um dia o Sr. ainda vai reclamar por me ver estudar tanto!". Esse dia chegou, anos depois.



Veio o vestibular, o curso de Direito, o estágio no Tribunal de Justiça com o Des. Tourinho, o cargo de subprocurador administrativo na Prefeitura de Maceió, o cargo de procurador geral do Município, aos 23 anos de idade. Meu maior desafio. Ali amadureci na marra, aprendendo a malícia da vida para são ser engolido no jogo político, nas artimanhas, nos conflitos de interesse. De repente, os pais dos meus amigos passaram a ser os meus colegas de trabalho. Saltei duas, três gerações. Meus amigos passaram a ser o saudoso e querido Arnon Chagas, o velho Geraldo Motta, Luís Abílio, Olavo Wanderley, Marcos Vieira.... Ronaldo Lessa foi o prefeito que teve a coragem de arriscar me dando aquela oportunidade, por sugestão de Fernando Costa, meu antecessor. Sou grato a todos.

Fui para a magistratura. Três anos de importante experiência. Escrevi livros. Fui secretário de Estado. Advoguei e advogo. Andei por todos o país falando da teoria que criei sobre a inelegibilidade. Aprendi muito nesse caminho.

Amei. E do amor nasceu o fruto que dá sentido a tudo isso, porque demonstra o poder do amor de Deus por nós: a minha filhinha. Tenho uma família linda, onde aprendo todos os dias o sentido do amor, do companheirismo, da fé. Com acertos e erros, com sucessos e insucessos, humanamente, somos tocados todos os dias pelo amor de Deus. No ciclo da vida, de repente 40! 40 anos que faço sem festas, sem celebrar com os tantos amigos e pessoas conhecidas. Celebro aqui, recolhido, pensando no ontem e no que há de vir. E vendo que aquela criança que fui se renova na criança que nasceu do amor.

5 comentários:

  1. Parabéns, Meu Amor, muitas felicidades!
    Que Deus continue iluminando sempre a sua vida e a nossa família.
    AMO MUITO VOCÊ!
    Beijos,
    Paula

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  2. PAPAI, EU TE AMO MUITO!

    PARABÉNS!
    BEIJOS,

    MARIA EDUARDA

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  3. Querido Adriano, adentro neste seleto grupo de comentaristas para dizer que desejo muita paz de espírito, saúde, harmonia na família, alegria, entusiasmo, enfim, tudo de bom e que realmente importa em sua vida. Gostaria de lhe dar um abraço forte hoje. Parabéns! Feliz aniversário! Ofereço uma música feita por um cara fantástico como você: http://www.youtube.com/watch?v=IGFmFywxIa0 É o meu presente... Até logo Mestre! Aldo.

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  4. Que Saudade! ainda que muito atrasado felicito-o por sua entrada no time dos "enta". O que me conforta é sua estampa de "inta"... risos. Felicidades irmão! O texto e as fotos ficaram lindas! Beijos em Maria Eduarda e Paula.

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  5. ainda que deveras atrasado felicito por sua entrada no time dos "enta", já estou lá há 4 anos. O que conforta é ver sua estampa ainda de "inta". O texto as fotos ficaram belíssimos, gostei muito de ler e ver. Beijos nos corações de Maria Eduarda e Paula que está cada dia mais lindas!

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