quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Amor líquido

Três coisas que dilaceram o amor maduro: o ciúme sem medida, a desconfiança injustificada e as atitudes intempestivas.

O amor de hoje é líquido, para usar a expressão de Zygmunt Bauman, porque amar é cuidar. O bom jardineiro cuida do seu jardim, conhece as vicissitudes das suas plantas. Para isso, deixa-se estar com elas. Esse "perder tempo" é fundamental no amor, também. Amar é enamorar-se. É ganhar tempo ao perder-se nele, criando raízes, olhando nos olhos, invadindo todas as reentrâncias da alma... e não apenas dela!

"É um cuidar que se ganha em se perder", já dizia Camões, com a sua pena precisa de poeta. O perder-se em momentos de conversas, de cumplicidade, de uma dança doce de mundos que se querem amalgamados numa história construída passo a passo.

Quem não sabe perder tempo com quem se ama não sabe amar. Quem se perde em ciúme tolo, em desconfiança excessiva ou em atitudes intempestivas, perde justamente uma das coisas mais doces do amor: a cumplicidade.



O amor nem sempre é investimento; é perda para um ganho humano, Perda do orgulho, perda dos medos, perda do EU para iniciar o NÓS que não se funde e se complementa, perda do tempo dos negócios em favor do tempo de um telefonema de carinho... Perder nem sempre é subtração, afinal!

O bom amor líquido é líquido pelo que se provoca na mulher amada; e nada mais!

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