Quando estou livre, assisto o Big Brother Brasil. É divertido como entretenimento. Quem quiser programas intelectuais na televisão, há bons canais pagos para isso, como o History, por exemplo, ou mesmo alguns bons programas da Globonews. Na televisão, busco divertimento.
O sucesso do BBB 10 está na diversidade. Juntaram no confinamento um drag queen, um gay jovem assumido e uma lésbica bonita, além de trazerem de volta o ex-BBB Marcelo Dourado, uma pessoa de poucos argumentos, digamos assim. Os outros participantes terminam sendo meros figurantes nesse conflito latente entre os "diferentes", Dourado entre eles. Porque ele também faz parte de uma minoria: trata-se de um cara que tem a suástica tatuada no corpo, embora sem nem ao certo saber o porquê (ou até mesmo sabendo, sabe-se lá), pensando mais com os punhos de lutador.
No mundo do politicamente correto, os homossexuais assumidos poderiam ser tratados como minoria, como pessoas do bem, e o cara da suástica, que declaradamente não gosta de viados, estaria na história como vilão. Mas Dourado conseguiu dobrar a resistência interna em sucessivos paredões, voltando sempre, porque os outros concorrentes suscitaram razões maiores para serem rejeitados pelo público. O público, aliás, não entrou no jogo do politicamente correto, separando de modo maniqueísta os bons e os maus, sendo os gays bons justa e simplesmente por isso, e Dourado o mau apenas por dizer que não gosta de gays ou por ser meio brucutu.
Vozes levantam-se horrorizadas contra Dourado, que quebra a lógica do politicamente correto. No Yahoo lemos a seguinte notícia:
Jean Wyllys criticou Marcelo Dourado em seu blog, no Bloglog. O escritor, vencedor da quinta edição do Big Brother Brasil, publicou texto entitulado "Autoridade dourada e facista" em que afirma que o sucesso do ex-lutador demostra um "apelo misterioso junto às massas", além de ameaçar, de certa forma, os valores tradicionais da sociedade brasileira."É como se o fato de o programa abrigar um 'sapatão', uma drag queen e uma 'bicha' andrógina pós-adolescente, bem como uma desinibida dançarina de boate, uma policial militar boquirrota e que se diz sexualmente desenfreada e um judeu editor de pornografia; é como se o fato de o programa abrigar essa fauna diversa ameaçasse os valores morais das audiências heterossexuais e zelosas da família tradicional; como se derrubasse suas certezas e mergulhasse suas vidas interiores num caos".
O coitadismo que tentam impor ao programa é evidente, imaginando que o politicamente correto deva prevalecer até mesmo em um tolo reality show. Dourado encarnaria o preconceito, o mal em estado bruto, devendo ser expurgado por isso. Pura bobagem. Certo que a sua visão de mundo é estreita; mas em que seria mais larga a visão dos demais? Todos ali mostram-se adultos infantilizados, querendo agradar o público e uns aos outros, sem muito de diferente entre eles (é certo que a Fernanda bem que tem aspectos a serem melhor analisados....).
Bem, seja como for, a diversidade do programa a ser comemorada é justamente o casca grossa Marcelo Dourado. Tendo superado vários paredões, o cara já é um vencedor, sendo o realmente diferente em um jogo de iguais.
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