This is it é o filme de Michael Jackson. Os preparativos para os shows que faria em Londres. Mostra um grande artista, a sua genialidade, a relação com a música e com o palco, a dança planejada em cada detalhe, a inquietação em busca dos passos e gestos perfeitos. Doce com os músicos e dançarinos, buscava com eles uma relação próxima, vendendo-lhes o sonho de participarem de uma aventura como se fossem parte de uma família.
Impressionante o seu talento, que escondia nos ensaios a sua angústia, os seus dramas, a necessidade daquela dose cavalar de medicamentos para conseguir dormir. O seu sono era afastado pelo medo de falhar, pela pressão da mídia que o oprimia, pelas constantes notícias falsas sobre a sua capacidade de ensaiar e de cantar; até mesmo a voz - dizia-se - já não era mais a mesma. O mito e as suas necessidades engolira o homem, pequeno diante do peso de ser o artista número um, mesmo em evidente decadência causada por tantos escândalos que a sua figura bizarra incentivava.
Michael Jackson era um grande artista e um pequeno homem. A criança que fora esmagada pelo pai não deixara o adulto se formar; a criança oprimida oprimia agora o homem, acorrentado a um mundo de ilusão, muito bem representado pela neverland, construída em uma fazenda de horrores midiáticos.
O filme mostra o talento daquele artista que afirmavam morto. A morte do homem ironicamente fizera redivivo o artista, o rei do pop. Uma trágica inversão: Michael Jackson foi salvo como mito pela morte do homem angustiado e perdido que se escondia nas franjas da sua fama, do sucesso arrebatador, dos escândalos terríveis, dos processos por pedofilia (cuja inocência declarada judicialmente não salvou a imagem pública). A sensação que tenho hoje, após assistir o filme, é que a sua figura adulterada por tantas cirurgias plásticas servia de atração para toda a sorte de maledicências e fofocas grosseiras. Mesmo sendo uma pessoa doce e afável, conseguiu atrair a ira e a inveja de muitos, que viram em sua estampa esquisita um campo fácil para o ataque e as manchetes fáceis. Afinal, o Rei do Pop gerava notícias e, com elas, muito dinheiro.
Indico o filme a quem interessar. É bom ver as músicas famosas cantadas pela última vez pelo grande artista, os seus cuidados com o show, o envolvimento da equipe, a sua relação afinada com o diretor do espetáculo... Enfim, um documentário bem feito e alegre sobre um homem triste e perdido.
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