segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Paraíso de ontem e de hoje: a tecnologia.

Às vezes não nos damos conta de como avançou a tecnologia na televisão e na forma de se fazer dramaturgia. Chega a ser uma covardia fazer comparações entre novelas de épocas diferentes, quando os recursos tecnológicos são tão desproporcionais. Cito como exemplo a novela Paraíso, que acompanho pela internet, porque não tenho tempo de assistir na televisão. À noite, sempre que posso vou na Globo.com e assisto as melhores cenas escolhidas pelo provedor. Se o capítulo me parece bom, aí assisto a sua íntegra no final de semana.

O remake tem sido superior à novela original. Embora a estória seja a mesma e muitas cenas estejam mantidas com a redação original, notam-se mudanças para melhor em algumas passagens relevantes. Cito como exemplo uma cena que foi ao ar hoje (vi há pouco) e a mesma cena que foi ao ar na versão de 1982, em que Zeca convida Maria Rita (Santinha) para fugir e ela, com os seus medos e inseguranças, não aceita ir com ele. Na versão original, a cena foi ao ar no último capítulo, que resolveu toda a trama de uma vez só: Zeca tem a sua última tentativa refratada, vai embora, dá um soco em Otávio no Bar do Bertoni e diz que ele ganhou a parada. Otávio sai correndo para a pensão e pede Maria Rita em casamento, que aceita. Todo o resto se resolve na última parte do último capítulo, sem que nada se mostre do noivado da Santinha. Veja a cena entre Zeca e Santinha:



Na versão atual, porém, Edmara Barbosa, filha de Benedito Ruy Barbosa, atualiza a estória ampliando os acontecimentos, dando novo colorido, trazendo os passos do noivado e da reação do peão, Filho do Diabo. O que se resolvera de uma assentada, agora ganhará 15 dias para se desenvolver até o óbvio desfecho. Pois bem. Ao contrário daquele diálogo meio primário da novela original, Edmara (com a coordenação do seu pai, é evidente) muda o cenário da cena, muda a circunstância em que ela se dá e, sobretudo, muda a postura dos personagens: Zeca se posta de modo maduro, terminando com dignidade e razões o relacionamento, mostrando que o amor da Santinha era medroso, indeciso, covarde até. Ela, por sua vez, demonstra essa insegurança de um modo menos infantil, em um diálogo bem construído. Vejam e comparem:



Os tempos mudaram... Já não se faz novela como antigamente, não é mesmo?!

Sobre a novela Paraíso já falei nos seguintes links: aqui, aqui e aqui.

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