quarta-feira, 16 de setembro de 2009

I look to you

O renascimento da carreira de Whitney Houston é a vitória do talento sobre a autodestruição. Uma cantora brilhante, com uma voz inigualável, que se permitiu arrasar pelo vício, pelas surras do marido, pela perda de todas as suas referências. A carreira degringolou no auge, quando o seu corpo não mais suportava os limites a que era submetido: a magreza doentia de Whitney revelava mais do que os seus ossos e as suas veias: revelava a destruição da alma, sabotada pela perda de rumo e de sentido.

Já não é a mesma mulher bonita do filme "Guarda Costas", em que contracenou com Kevin Costner. As marcas dos anos brutos estão também na voz, que não tem a mesma firmeza de outros tempos. Mas e daí? O seu talento é tão grande que é excepcional sendo a metade do que era, ainda mais quando nos encanta como sobrevivente, sendo a personificação negra da fênix.

A vida é um dom de Deus. Sempre. Ainda quando somos conduzidos por caminhos que nem sempre traçamos, que são resultados dos nossos erros ou das nossas escolhas impensadas. Haverá sombras, momentos de medo, dores imensas desafiando até mesmo a nossa sanidade. Mas a vida é um dom. Sempre. Ainda que andemos com feridas abertas, mesmo quando nos entregamos a momentos que nos trarão consequências futuras, fazendo surgir laços inquebráveis com os erros. Ela é sempre um dom. Basta olharmos para os lados, para os olhos da criança que nos dá um sorriso, para o abraço dos pais que não nos entendem e, ainda assim, acolhem. Sim, porque a vida é um dom. Sempre.

E como dom, devemos dela cuidar, saturando as suas possibilidades, buscando a felicidade, nossa e dos outros. Porque apenas vivendo as nossas dores, poderemos viver as nossas alegrias, as nossas possibilidades, a capacidade infinita de renascer, porque Deus é infinitamente amor.

Hoje é um belo dia para dizer: a vida merece ser vivida em profunda intensidade, porque longe é um lugar que não existe. Se há fé, se há esperança, haverá sempre um dia para sermos plenos, para encontrarmos em Deus a luz que ilumina o caminho. E aí o espaço se esvai, o tempo perde força, e podemos renascer sempre com Ele e por Ele. E olhando o sorriso dos que nos rodeiam, do que dizem que nos amam, podemos ver o brilho do infinito que é o amor de Deus.

Whitney poderá cair adiante. Mas a sua força mostrada hoje nos enche de esperança para a alegria de viver e para entendermos que, ainda que caiam as paredes da vida sobre nós, Deus estará ali para nos estender a mão e o amor imenso.

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