Era para ser um dia especial. A quadra de cimento carrasquento estava cercada de gente para assistir o jogo, a grande final do campeonato de futebol de salão do grupo escolar Pe. Aurélio Góes, em Junqueiro.
O meu time era muito bom. Chegamos àquela final com sobras, vencendo as outras turmas da 3ª série do primário (hoje, chama-se ensino fundamental). Jogava armando as jogadas, tinha agilidade e um bom domínio da bola, lá com os meus 8 anos de idade. E o time era ajustado, tendo no gol o Rato Branco (não recordo o nome dele, mas era um menino longilíneo e um tanto albino) e na linha o Cláudio, que jogava muita bola e morava perto de mim. Não recordo dos outros meninos, mas tenho muito presente a fisionomia desses dois. O Rato Branco estava com o rosto sempre vermelho, pelo calor advindo do forte sol daquela tarde; o Cláudio, com o seu cabelo espetado, me ajudava na construção das jogadas, sempre correndo muito.
Bem, entramos em quadra ansiosos. Havia a torcida dos pais, dos professores e dos colegas. Uma torcedora em particular me interessava: uma moreninha linda de cabelos encaracolados, minha colega de turma, a quem paquerava: Jossilene, se não me engano. Logo antes de entrar na quadra dei de cara com ela. Meu coração bateu forte. Fui para o jogo querendo vencer, jogar bem, chamar a atenção dela.
A partida começou elétrica, disputada, sem favoritos. Jogo duro, zero a zero o tempo todo. A torcida cercava a quadra de cimento, que não possuía arquibancada. Ouvíamos o alarido, a azáfama sôfrega naquela escola embelezada com bandeirolas coloridas, que lhe ornavam com um tom festivo. Adrenalina elevada, ansiedade, corre-corre, jogadas inconclusas, bolas perdidas...
No final da partida, o lance capital. Recebo a bola em condições precárias, pressionado por adversários que me fustigavam. Cercado, driblo um deles e retorno ao meu campo. Olho para o Rato Branco e dou um passe para ele, atrasando a bola. O Rato Branco estava posicionado para recebê-la quando o Cláudio, visando ludibriar um adversário, corre e salta a bola, fazendo uma finta de corpo. Muito bem executada, aliás. Tão bem executada, que enganou até o nosso goleiro. A bola passou lentamente pelo Rato Branco e gol! Tornei-me involuntariamente o artilheiro do dia.
Perdemos o jogo; eu, a honra. Cabisbaixo ao final da partida, restaram-me as gozações. Não vi a Jossilene. Aliás, não vi ninguém. Na garupa de uma bicicleta amiga, sai sob aplausos irônicos de alguns, fulo da vida com o Cláudio.
Lembro-me da bicicleta monark vermelha, da minha cara de pau acenando com uma das mãos para os anarquistas enquanto me segurava no assento com a outra. Bem, perdi o jogo, a tarde e o orgulho. Restou-me a recordação daquele dia, que no fundo no fundo foi engraçado. Eita, como a vida é boa e como é imprevisível.
O meu time era muito bom. Chegamos àquela final com sobras, vencendo as outras turmas da 3ª série do primário (hoje, chama-se ensino fundamental). Jogava armando as jogadas, tinha agilidade e um bom domínio da bola, lá com os meus 8 anos de idade. E o time era ajustado, tendo no gol o Rato Branco (não recordo o nome dele, mas era um menino longilíneo e um tanto albino) e na linha o Cláudio, que jogava muita bola e morava perto de mim. Não recordo dos outros meninos, mas tenho muito presente a fisionomia desses dois. O Rato Branco estava com o rosto sempre vermelho, pelo calor advindo do forte sol daquela tarde; o Cláudio, com o seu cabelo espetado, me ajudava na construção das jogadas, sempre correndo muito.
Bem, entramos em quadra ansiosos. Havia a torcida dos pais, dos professores e dos colegas. Uma torcedora em particular me interessava: uma moreninha linda de cabelos encaracolados, minha colega de turma, a quem paquerava: Jossilene, se não me engano. Logo antes de entrar na quadra dei de cara com ela. Meu coração bateu forte. Fui para o jogo querendo vencer, jogar bem, chamar a atenção dela.
A partida começou elétrica, disputada, sem favoritos. Jogo duro, zero a zero o tempo todo. A torcida cercava a quadra de cimento, que não possuía arquibancada. Ouvíamos o alarido, a azáfama sôfrega naquela escola embelezada com bandeirolas coloridas, que lhe ornavam com um tom festivo. Adrenalina elevada, ansiedade, corre-corre, jogadas inconclusas, bolas perdidas...
No final da partida, o lance capital. Recebo a bola em condições precárias, pressionado por adversários que me fustigavam. Cercado, driblo um deles e retorno ao meu campo. Olho para o Rato Branco e dou um passe para ele, atrasando a bola. O Rato Branco estava posicionado para recebê-la quando o Cláudio, visando ludibriar um adversário, corre e salta a bola, fazendo uma finta de corpo. Muito bem executada, aliás. Tão bem executada, que enganou até o nosso goleiro. A bola passou lentamente pelo Rato Branco e gol! Tornei-me involuntariamente o artilheiro do dia.
Perdemos o jogo; eu, a honra. Cabisbaixo ao final da partida, restaram-me as gozações. Não vi a Jossilene. Aliás, não vi ninguém. Na garupa de uma bicicleta amiga, sai sob aplausos irônicos de alguns, fulo da vida com o Cláudio.
Lembro-me da bicicleta monark vermelha, da minha cara de pau acenando com uma das mãos para os anarquistas enquanto me segurava no assento com a outra. Bem, perdi o jogo, a tarde e o orgulho. Restou-me a recordação daquele dia, que no fundo no fundo foi engraçado. Eita, como a vida é boa e como é imprevisível.
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