Não quero viver olhando o que deixei de fazer, me arrependendo pelas
indecisões, omissões, comodismos. Prefiro a inquietude à paz dos mortos;
prefiro a angústia dos que fazem à serenidade dos que abdicaram dos
seus sonhos. Que a sede de viver me consuma, que o amor me desabrigue,
que os desafios se apresentem e sejam desafiados.
Quero viver o medo de errar, errando, na tentativa dos acertos; não quero
a precisão dos inertes, a diplomacia dos acomodados, a vitória por wo. A
vida, desejo tomá-la com as unhas, porque ou há sede de sentido ou
caímos no vazio, no nada, na esterilidade.
Nasci para ser
torto; o certo, o perfeito, o exato não me fascinam. São atemporais e
imateriais. Minha contigência me impõe a sede de infinito; minha
humanidade, a fé em que me ultrapassa, a clareza da Cruz e a esperança
na Ressurreição.
Quero amar sem medo, sem cobranças, sem
regras. Amar por amar, porque ela se faz inteira em mim, seu olhar me
devora, a sua voz provoca meu sangue, a sua boca me diz do amor e faz o
beijo ser mais beijo. Quero a alma em chamas, porque só assim vencemos o
que nos oprime, o peso amargo do cotidiano.
Enfim, proclamo a
felicidade dos que lutam, a paz dos que porfiam, a esperança dos que
buscam, os sonhos dos que se aventuram, a fé dos que são capazes de
morrer pelo que crêem. Proclamo que vida não seja uma sucessão de dias,
um cotidiano repetitivo e oco, um país com fronteiras. A vida seja vida
em abundância, afinal, e que em nós brote a responsabilidade de decidir e
assumir os caminhos tomados e a alegria dos passos dados...
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