I.
Somos o somatório da imagem que fazem de nós ou a imagem que nós
próprios fazemos? Ou nem uma coisa nem outra? Somos o que somos; quem
diz de nós são os nossos pensamentos e as nossas ações. Somos a
totalidade da nossa história e o ainda por fazer-se.
II.
Drummondiano: Não fosse eu consumido pela vida, os desafios nada me
diziam. Nasci um anjo torto, com tantas faces mais que sete, e desde
sempre propenso a ser "gauche" na vida.
III.
Iam as horas já lerdas, cansadas de si mesmas. E não podiam parar,
porque o tempo, esse severo senhor, não lhes dá sossego. Deram-se conta,
então, que viver é já e sempre cumprir o seu destino, mesmo quando
pesado. E tic tac! Tic tac!
IV.
"Tu não és um homem sábio; tu tens sonhos e paixão. A paixão cega; os
sonhos iludem", disse-me um sábio. "Que faço eu?" - perguntei à minha
alma apequenada, pois o que me move são justamente os sonhos e as
paixões. E fiquei com o dilema cruel: ser sábio ou ser feliz com as
minhas buscas...
V.
O que pede o seu coração? Dá a ele a chance da expressão, para que o
silêncio não lhe pode as batidas, não lhe atropele o gosto de pulsar a
vida. Coração que não diz de si mesmo não pode cumprir a sua vocação de
fazer o sangue correr nas artérias, irrigando até mesmo a alma.
VI.
E lá ia eu, cioso dos meus sentimentos, quando as palavras me
encontraram e quiseram me despertar do sonho. Olhei para elas com as
armas da ortografia, impus-lhes um ponto e vírgula e completei a oração.
O que de mal havia virou uma proposição sem sentido, como as frases que
ficam pedindo complemento. Por ponto e vírgula não acaba a oração;
dá-lhe o instante de respiração e a chance do refazer-se no andar do
discurso.
VII.
O amor é um rio caudaloso e profundo. Nada há que lhe sirva de óbice,
tampouco lhe tolha a caminhada rumo ao seu destino. Suas águas são
transparentes e fundas, até que se deixem misturar ao oceano e ganhe o
tempero que lhe faltava.
VIII.
As palavras são veículos da expressão. Por elas, damos aos outros o que
antes só habitava em nós. Elas dão sentido ao mundo, como as cores que
fazem a tela ganhar vida e sentido.
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