I.
De tanto prestar atenção ao rótulo, nunca se enganou de frasco. E tudo
foi sempre como esperado. Se não teve más surpresas, boas também deixou
de ter. Foi a vida geometricamente perfeita até a morte. A lápide aposta
em seu túmulo anunciava: "Viveu conforme os rótulos; morreu de tédio e
falta de criatividade generalizada".
II.
Era como uma pintura o horizonte visto da janela. Não sabia, porém, que a
beleza maior só poderia ser vista na aventura da rua. Bastava-lhe,
porém, o que sem luta já estava à sua disposição.
III.
Não lhe faltava apetite; apenas coragem. Por isso, definiu que a vida
seria apena o antepasto. Não se banqueteava, porque lhe exigiria, mais
do que fome, disposição...
IV.
A mulher era tão feia, mas tão feia, que o espelho selou um compromisso com ela: só se encontravam pelo avesso!
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