Aprendi que a vida é feita de perdas e ganhos. As perdas, por mais dolorosas que sejam, sempre nos acrescem também. Mesmo quando nos mutilam, quando fazem doer a alma, deixam em nós algo de acréscimo: um aprendizado, uma lembrança boa, uma saudade eterna, um amargor que ensina e nos faz mais fortes.
As perdas são perdas, mas não apenas isso. Se perdemos a visão, avultam os outros sentidos. É o olfato que fica mais saliente, a audição que capta o que se perdia nos ruídos, o tato que domestica e domina as coisas ao redor. Sim, nos adaptamos às perdas e passamos com elas a ter possibilidades.
Mas é preciso ohar adiante, deixar que o que se perdeu fique para trás, em seu tempo e em seu lugar, como caminho necessário no processo de crescimento pessoal. A oportunidade de emprego, a chance de melhorias, a mulher amada, o amigo fraterno... São às vezes perdas profundas, que trazem imensa dor. Terão elas lugar em nossas vidas, como paisagens que ficaram presas em nossas retinas e nos acompanham. Mas passam...
Mesmo quando há um amor como o de Florentino por Firmina, no livro "O Amor nos tempos do cólera", que ultrapassam 53 anos de espera dele por ela quase sem nenhum contato, as perdas sofridas se convertem em buscas constantes, irresistíveis, como forças catalisadoras para que os passos sejam dados.
Há, é certo, as perdas que levam à amargura, à perda de sentido, à amoralidade em busca do sucesso fácil ou da vingança menor, como no livro "O Oportunista", de Piers Paul Read, em que Hilary Fletcher, por se sentir esmagado pelo amor de uma jovem rica, resolve fazer da dor meio de destruição. Mas a vitória, o que parecia um ganho, se revelará para ele apenas a mais amarga das perdas: a perda de si mesmo.
O que fazemos com as nossas perdas dizem de nós. Que elas não sejam a última palavra, mas apenas um passo difícil no imenso caminho que nos levará à vitória e à felicidade. Aí, as perdas se convertem em elementos necessários dos ganhos, que apenas lhe adornam o valor e a grandeza. No jogo de perdas e ganhos, que elas, as perdas, sejam sempre a experiência que valorizam e ensinam o valor dos ganhos.
domingo, 22 de janeiro de 2012
terça-feira, 10 de janeiro de 2012
Somos gente!
Nunca permita que alguém lhe trate como objeto. Tampouco, nunca se permita usar alguém como objeto. Seja por que motivo for. Nas relações profissionais, quando se diminui o ser humano a uma simples máquina subjugada às vontades de quem detém o poder; nas relações pessoais, quando se usam as pessoas para os fins próprios, fazendo da amizade um pretexto para fazer dos outros escada; ou seja nas relações afetivas, em que se quer transformar o outro em mero meio para a satisfação pessoal, no campo sexual ou mesmo para a escalada social.
Objetificar os outros é subtrair deles a humanidade, arrancando-lhes a alma, a inteireza, os sonhos. Deixar-se objetificar é perder o respeito por si mesmo, negando-se como pessoa, como gente, perdendo a dignidade e o respeito próprio.
Só podemos ser inteiros, íntegros e realizados se construírmos relações humanas densas, respeitosas e vivas, que nem usamos nem permitimos ser usados. É dizer, relações entre iguais, apesar das diferenças (posição social religião, raça, sexo...).
Lamento quem viva numa cultura em que até mesmo o amor nada mais seja do que uma relação de posse e poder. Em que o uso do outro seja uma regra de convivência. Ali não há amor, que pressupõe o respeito e a busca constante da construção do outro, daquele/a a quem se ama.
Que cultura perversa temos construído. A cultura do ficar, do beijo de ocasião, das relações episódicas e fúteis. Não pode haver compromisso onde não há amor. E não pode haver amor onde o outro é mero objeto de satisfação pessoal, como um carro ou uma viagem de férias.
Não somos objetos; somos gente! E é assim que devemos ser e tratar os outros.
Objetificar os outros é subtrair deles a humanidade, arrancando-lhes a alma, a inteireza, os sonhos. Deixar-se objetificar é perder o respeito por si mesmo, negando-se como pessoa, como gente, perdendo a dignidade e o respeito próprio.
Só podemos ser inteiros, íntegros e realizados se construírmos relações humanas densas, respeitosas e vivas, que nem usamos nem permitimos ser usados. É dizer, relações entre iguais, apesar das diferenças (posição social religião, raça, sexo...).
Lamento quem viva numa cultura em que até mesmo o amor nada mais seja do que uma relação de posse e poder. Em que o uso do outro seja uma regra de convivência. Ali não há amor, que pressupõe o respeito e a busca constante da construção do outro, daquele/a a quem se ama.
Que cultura perversa temos construído. A cultura do ficar, do beijo de ocasião, das relações episódicas e fúteis. Não pode haver compromisso onde não há amor. E não pode haver amor onde o outro é mero objeto de satisfação pessoal, como um carro ou uma viagem de férias.
Não somos objetos; somos gente! E é assim que devemos ser e tratar os outros.
Vitórias e derrotas
A vida tem um fluxo próprio. Não somos feitos apenas para a vitória, para termos tudo. Não. Perder é também um meio para o crescimento, é sempre uma opção no campo das possibilidades. Vezes bastas, as derrotas e perdas nos fortalecem para o dia seguinte, para a conquista (seja de que ordem for) que, por certo, virá. É assim: se estamos prontos para vencer, devemos estar prontos também para o insucesso e as perdas.
Certo, mas não devemos nunca, por receio das perdas, abdicar das possibilidades da vida. Ou seja, não devemos nos preparar de antemão para as derrotas por medo de tentar vencer. Não devemos ficar parados por acharmos que o caminho é difícil e que, por melhor e mais importante que seja aonde ele nos leva, não conseguiremos percorrê-lo por nos falacer forças. Sem nem tentar, sem poder dizer: "fiz o que pude!".
O medo impede que possamos dar os passos que faltam. Por achar que não se vai conseguir ou mesmo sofrer no processo de construção do sucesso, o medo faz pensar que o melhor é nem tentar. Se é para se perder, que se perca de imediato e já.
Aí vem um Oswaldo Montenegro e grita: "Eu quero ser feliz agora!" (http://youtu.be/38PTGnf85SI). Não há por que ter ou alimentar o medo. É ser feliz, sem medo de que a felicidade se vá, porque não há uma felicidade perene nesta vida. Há estados de felicidade, momentos curtos ou longos, mas momentos que podem nos fazer plenos, inteiros, maiores.
Mas se fugimos da vida, se corremos de nós mesmos e dos nossos sonhos, o que nos restará, então? A frustração de não ter sequer tentado. Então, vivamos e lutemos pela felicidade, pelas vitórias, pelas conquistas, mesmo sendo as perdas possibilidades. É do jogo, é da vida. Afinal, o mundo e a vida são AGORA. É o momento, o hoje, que permite a construção do amanhã. Sem o passo do HOJE resta uma só certeza no amanhã: a de que nada se fez. O dar um passo AGORA constrói as pontes para o AMANHÃ, para que se possa dizer: lutei. É o lutar quem diz de nós, dos sonhos e da construção diária.
Certo, mas não devemos nunca, por receio das perdas, abdicar das possibilidades da vida. Ou seja, não devemos nos preparar de antemão para as derrotas por medo de tentar vencer. Não devemos ficar parados por acharmos que o caminho é difícil e que, por melhor e mais importante que seja aonde ele nos leva, não conseguiremos percorrê-lo por nos falacer forças. Sem nem tentar, sem poder dizer: "fiz o que pude!".
O medo impede que possamos dar os passos que faltam. Por achar que não se vai conseguir ou mesmo sofrer no processo de construção do sucesso, o medo faz pensar que o melhor é nem tentar. Se é para se perder, que se perca de imediato e já.
Aí vem um Oswaldo Montenegro e grita: "Eu quero ser feliz agora!" (http://youtu.be/38PTGnf85SI). Não há por que ter ou alimentar o medo. É ser feliz, sem medo de que a felicidade se vá, porque não há uma felicidade perene nesta vida. Há estados de felicidade, momentos curtos ou longos, mas momentos que podem nos fazer plenos, inteiros, maiores.
Mas se fugimos da vida, se corremos de nós mesmos e dos nossos sonhos, o que nos restará, então? A frustração de não ter sequer tentado. Então, vivamos e lutemos pela felicidade, pelas vitórias, pelas conquistas, mesmo sendo as perdas possibilidades. É do jogo, é da vida. Afinal, o mundo e a vida são AGORA. É o momento, o hoje, que permite a construção do amanhã. Sem o passo do HOJE resta uma só certeza no amanhã: a de que nada se fez. O dar um passo AGORA constrói as pontes para o AMANHÃ, para que se possa dizer: lutei. É o lutar quem diz de nós, dos sonhos e da construção diária.
Amor e Sexo
Há que haver um equilíbrio entre amor e sexo na relação entre homem e mulher. Há os que exaltam no amor a sua dimensão romântica, espiritual, vendo-o como puro "ágape", uma qualidade angelical; há os que apenas veem o amor como paixão, fruto do desejo sexual, da atração física, em sua dimensão "eros". É na unidade, porém, entre ágape e eros que se encontra a profunda dimensão do amor entre homem e mulher.
Bento XVI, em sua encíclica "Deus caritas est" ("Deus é amor"), assenta de modo muito preciso a visão do amor para a Igreja. Diz ele "nem o espírito ama sozinho, nem o corpo: é o homem, a pessoa, que ama como criatura unitária, de que fazem parte o corpo e a alma. Somente quando ambos se fundem verdadeiramente numa unidade, é que o homem se torna plenamente ele próprio. Só deste modo é que o amor — o eros — pode amadurecer até à sua verdadeira grandeza".
Há quem pense que a Igreja tenha buscado esvaziar ou desvalorizar o "eros", apontando como única forma de amor o "ágape". Esse foi um erro histórico que, inclusive, contaminou setores da Igreja, que passaram, sim, a ver o sexo como uma degradação necessária do amor. Erro crasso, que fez muito mal a muitas pessoas bem intencionadas, cuja existência foi marcada por dolorosas cobranças, simplesmente por amar com desejo, com paixão, tendo o sexo como uma dimensão não apenas necessária, mas fundamental da vida a dois.
Amor entre homem e mulher pede a integração profunda na sexualidade. O sexo faz parte do amor, qualificando-o. O amor se faz pleno, aliás, no sexo. Não o sexo pelo sexo, não a busca exclusiva pelo prazer, mas o sexo como entrega e fusão física entre almas que já se fundiram e se buscam.
Bento XVI, com sabedoria, vai ao ponto: "Na realidade, eros e agape — amor ascendente e amor descendente — nunca se deixam separar completamente um do outro. Quanto mais os dois encontrarem a justa unidade, embora em distintas dimensões, na única realidade do amor, tanto mais se realiza a verdadeira natureza do amor em geral. Embora o eros seja inicialmente sobretudo ambicioso, ascendente — fascinação pela grande promessa de felicidade — depois, à medida que se aproxima do outro, far-se-á cada vez menos perguntas sobre si próprio, procurará sempre mais a felicidade do outro, preocupar-se-á cada vez mais dele, doar-se-á e desejará « existir para » o outro. Assim se insere nele o momento da agape; caso contrário, o eros decai e perde mesmo a sua própria natureza. Por outro lado, o homem também não pode viver exclusivamente no amor oblativo, descendente. Não pode limitar-se sempre a dar, deve também receber.""
Quem ama deseja o outro não como simples objeto dos seus apetites; quem ama deseja a realização do outro e de si mesmo, numa profunda entrega de alma e corpo, de corações que se querem inteiros. Essa é a profundidade do amor, aliás: a entrega de si para a realização do outro, numa recíproca e completa doação (na vida e na cama).
Erram, portanto, os que retiram do amor o desejo, o querer, o tesão, a necessidade do apossamento sexual do outro; mas não menos erram os que apenas veem o sexo como razão única e última de uma relação a dois. Amor não coisifica, não reduz o outro a mero meio para o prazer pessoal. O sexo, no amor, é meio de profunda descoberta do outro e de entrega de si mesmo, onde a única regra válida é a plenitude de ambos.
Em teologia moral, há erro dos que ingressam em definir o que pode e o que não pode na vida sexual de um casal que se ama. Posições, formas e modos é justamente um campo afeto exclusivamente ao amor: compete ao casal descobrir o campo próprio para a realização de ambos, para aquela plenitude encontrada na fusão de vidas e almas.
Dito isto, respondo àquela visão dos que são críticos da moral católica, justamente porque não a conhecem ou porque criticam por criticar.
Bento XVI, em sua encíclica "Deus caritas est" ("Deus é amor"), assenta de modo muito preciso a visão do amor para a Igreja. Diz ele "nem o espírito ama sozinho, nem o corpo: é o homem, a pessoa, que ama como criatura unitária, de que fazem parte o corpo e a alma. Somente quando ambos se fundem verdadeiramente numa unidade, é que o homem se torna plenamente ele próprio. Só deste modo é que o amor — o eros — pode amadurecer até à sua verdadeira grandeza".
Há quem pense que a Igreja tenha buscado esvaziar ou desvalorizar o "eros", apontando como única forma de amor o "ágape". Esse foi um erro histórico que, inclusive, contaminou setores da Igreja, que passaram, sim, a ver o sexo como uma degradação necessária do amor. Erro crasso, que fez muito mal a muitas pessoas bem intencionadas, cuja existência foi marcada por dolorosas cobranças, simplesmente por amar com desejo, com paixão, tendo o sexo como uma dimensão não apenas necessária, mas fundamental da vida a dois.
Amor entre homem e mulher pede a integração profunda na sexualidade. O sexo faz parte do amor, qualificando-o. O amor se faz pleno, aliás, no sexo. Não o sexo pelo sexo, não a busca exclusiva pelo prazer, mas o sexo como entrega e fusão física entre almas que já se fundiram e se buscam.
Bento XVI, com sabedoria, vai ao ponto: "Na realidade, eros e agape — amor ascendente e amor descendente — nunca se deixam separar completamente um do outro. Quanto mais os dois encontrarem a justa unidade, embora em distintas dimensões, na única realidade do amor, tanto mais se realiza a verdadeira natureza do amor em geral. Embora o eros seja inicialmente sobretudo ambicioso, ascendente — fascinação pela grande promessa de felicidade — depois, à medida que se aproxima do outro, far-se-á cada vez menos perguntas sobre si próprio, procurará sempre mais a felicidade do outro, preocupar-se-á cada vez mais dele, doar-se-á e desejará « existir para » o outro. Assim se insere nele o momento da agape; caso contrário, o eros decai e perde mesmo a sua própria natureza. Por outro lado, o homem também não pode viver exclusivamente no amor oblativo, descendente. Não pode limitar-se sempre a dar, deve também receber.""
Quem ama deseja o outro não como simples objeto dos seus apetites; quem ama deseja a realização do outro e de si mesmo, numa profunda entrega de alma e corpo, de corações que se querem inteiros. Essa é a profundidade do amor, aliás: a entrega de si para a realização do outro, numa recíproca e completa doação (na vida e na cama).
Erram, portanto, os que retiram do amor o desejo, o querer, o tesão, a necessidade do apossamento sexual do outro; mas não menos erram os que apenas veem o sexo como razão única e última de uma relação a dois. Amor não coisifica, não reduz o outro a mero meio para o prazer pessoal. O sexo, no amor, é meio de profunda descoberta do outro e de entrega de si mesmo, onde a única regra válida é a plenitude de ambos.
Em teologia moral, há erro dos que ingressam em definir o que pode e o que não pode na vida sexual de um casal que se ama. Posições, formas e modos é justamente um campo afeto exclusivamente ao amor: compete ao casal descobrir o campo próprio para a realização de ambos, para aquela plenitude encontrada na fusão de vidas e almas.
Dito isto, respondo àquela visão dos que são críticos da moral católica, justamente porque não a conhecem ou porque criticam por criticar.
Olhar-se
O hábito de se perguntar e buscar respostas é fundamental. Olhar-se é o primeiro passo para o crescimento pessoal e para a tomada de decisões.
Às vezes, a pretexto de se decidir perde-se tempo demais sem que se dê um passo para um ou outro lado. O ficar parado, nada obstante, é já uma decisão: o não-decidir-se é simplesmente deixar para a vida ou para as circunstâncias a solução que nos competia.
Bastas vezes nos encontramos em situações decisivas, mas nos paralisamos e deixamos de agir. Trata-se de uma zona de conforto, é certo, mas que falseia a realidade; dá-nos a sensação de segurança, mas apenas revela o receio de assumir o que é conatural à vida: os riscos!
E o maior risco, na verdade, é a passividade. Ela pode nos levar a perder o que é importante em nossas vidas. No mínimo, pode nos levar a deixar de viver aquilo que seria próprio e oportuno para demarcar quem somos no palco da vida.
Olhar-se é um gesto firme, uma aventura, o início do processo de descoberta. Olhar-se é abrir-se para si mesmo sem retoques, sem o olhar censor do outro. Olhar-se é permitir-se ser, simplesmente. E sendo, descobrir-se na aventura da vida.
Às vezes, a pretexto de se decidir perde-se tempo demais sem que se dê um passo para um ou outro lado. O ficar parado, nada obstante, é já uma decisão: o não-decidir-se é simplesmente deixar para a vida ou para as circunstâncias a solução que nos competia.
Bastas vezes nos encontramos em situações decisivas, mas nos paralisamos e deixamos de agir. Trata-se de uma zona de conforto, é certo, mas que falseia a realidade; dá-nos a sensação de segurança, mas apenas revela o receio de assumir o que é conatural à vida: os riscos!
E o maior risco, na verdade, é a passividade. Ela pode nos levar a perder o que é importante em nossas vidas. No mínimo, pode nos levar a deixar de viver aquilo que seria próprio e oportuno para demarcar quem somos no palco da vida.
Olhar-se é um gesto firme, uma aventura, o início do processo de descoberta. Olhar-se é abrir-se para si mesmo sem retoques, sem o olhar censor do outro. Olhar-se é permitir-se ser, simplesmente. E sendo, descobrir-se na aventura da vida.
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