Desde que a razão tentou destruir a cidadela da fé, o Mistério foi enviado ao degredo. A razão pode explicar tudo, desvelando o real, abrindo as suas vísceras e nos dando respostas definitivas. A ciência teria esse poder explicativo, essa capacidade de dar respostas a todas as nossas questões mais profundas.
Essa a razão pela qual, diante de uma tragédia como aquela da Escola de Realengo, em que um maluco ceifou vidas a esmo, sem uma razão, sem um motivo, sem uma justificativa, buscamos tantas respostas, um tanto atarantados.
Certo, podemos dizer que o rapaz era um doidivanas, um psicopata, ou que tudo se deveria ao comércio permitido de armas, ou mesmo que a culpa é da segurança pública... São afirmações sem sentido, decorrentes da estupefação. Queremos falar, falar e falar, com a angústia diante do imponderável, da loucura em seu estado mais bruto e destrutivo.
Mas simplesmente não há respostas possíveis. Podemos dar nome à doença do assassino, podemos falar em bullying, em frustrações profundas que o levaram ao ato insano... Mas nada disso explica ou, o que é mais dramático, nada disso justifica. Porque, sim, é disso que se trata: não buscamos explicações, mas justificativas para uma atrocidade dessa magnitude e irracionalidade.
E a razão há de ceder lugar ao Mistério. O homem, em sua nervura, em sua estrutura, tem dimensões insondáveis, que a razão não poderá nunca alcançar. A sua abertura para o infinito, a sua sede eternidade, a sua espiritualidade, enfim, está além das possibilidades de compreensão. Podemos ter até uma visão dessa rica realidade, mas é uma visada imperfeita, limitada, indireta.
Há em nós abismos profundos e píncaros inalcançáveis. Somos a abertura para Deus, para a eternidade, para o infinito, e a vertigem do desespero, da perda de sentido, da loucura destrutiva.
É aí onde faz sentido para a civilização humana a pergunta que nos inquieta tanto: Deus existe? E essa pergunta, por si só, já traz embutida uma resposta: pode até não existir, mas o problema “Deus” existe em nós, inclusive para o ateu mais militante.
Não problematizamos se “duendes”, “vampiros” ou “fadas” existem. São signos sem referência a objetos do mundo, mas ideias desde sempre irreais. Quando pensamos em um “unicórnio”, vemos um ser metade cavalo e metade homem, que sabidamente é fruto de uma criação humana. Nada obstante, ao simplesmente problematizarmos a existência de Deus, já tomamos a sério a questão. Há um referente para o signo; referente que não se confunde com um objeto concreto, mas que ultrapassa uma ideia ou conceito. Para os cristãos, inclusive, Deus é pessoa!
O Mistério é uma dimensão que não pode ser descartada em nossas vidas, como fuga ao irracionalismo ou ao exotérico, mas como percepção de que somos mais, muito mais, do que uma realidade psicofísica. Somos espíritos, temos uma dimensão que ultrapassa a própria linguagem e a experiência sensível, mas que podemos apreender pela nossa estrutura natural.
O massacre de Realengo nos remete para a brutalidade do inexplicável, para o mistério da nossa existência e, sobretudo, para o Mistério do sentido. Sim, porque o que nos faz diferentes dos outros animais, o que torna possível a própria cultura humana, é a nossa incessante busca pelo sentido da vida e pelo sentido da nossa história.
Termino essas palavras mal escritas, essas ideias dispersas, apenas para constatar, mais uma vez, a perplexidade diante do absurdo e afirmar uma certeza: sem Deus, meus caros, a história humana é simplesmente sem nenhum sentido. As dores do mundo, as nossas mais profundas dores, só encontram sentido naquela cena patética: um homem estiolado, destruido no madeiro da cruz. É esse homem que nos chama e nos interpela para uma certeza: a morte há de ser vencida. A boa nova, o Evangelho, é justamente isso: a promessa da ressurreição!
Essa a razão pela qual, diante de uma tragédia como aquela da Escola de Realengo, em que um maluco ceifou vidas a esmo, sem uma razão, sem um motivo, sem uma justificativa, buscamos tantas respostas, um tanto atarantados.
Certo, podemos dizer que o rapaz era um doidivanas, um psicopata, ou que tudo se deveria ao comércio permitido de armas, ou mesmo que a culpa é da segurança pública... São afirmações sem sentido, decorrentes da estupefação. Queremos falar, falar e falar, com a angústia diante do imponderável, da loucura em seu estado mais bruto e destrutivo.
Mas simplesmente não há respostas possíveis. Podemos dar nome à doença do assassino, podemos falar em bullying, em frustrações profundas que o levaram ao ato insano... Mas nada disso explica ou, o que é mais dramático, nada disso justifica. Porque, sim, é disso que se trata: não buscamos explicações, mas justificativas para uma atrocidade dessa magnitude e irracionalidade.
E a razão há de ceder lugar ao Mistério. O homem, em sua nervura, em sua estrutura, tem dimensões insondáveis, que a razão não poderá nunca alcançar. A sua abertura para o infinito, a sua sede eternidade, a sua espiritualidade, enfim, está além das possibilidades de compreensão. Podemos ter até uma visão dessa rica realidade, mas é uma visada imperfeita, limitada, indireta.
Há em nós abismos profundos e píncaros inalcançáveis. Somos a abertura para Deus, para a eternidade, para o infinito, e a vertigem do desespero, da perda de sentido, da loucura destrutiva.
É aí onde faz sentido para a civilização humana a pergunta que nos inquieta tanto: Deus existe? E essa pergunta, por si só, já traz embutida uma resposta: pode até não existir, mas o problema “Deus” existe em nós, inclusive para o ateu mais militante.
Não problematizamos se “duendes”, “vampiros” ou “fadas” existem. São signos sem referência a objetos do mundo, mas ideias desde sempre irreais. Quando pensamos em um “unicórnio”, vemos um ser metade cavalo e metade homem, que sabidamente é fruto de uma criação humana. Nada obstante, ao simplesmente problematizarmos a existência de Deus, já tomamos a sério a questão. Há um referente para o signo; referente que não se confunde com um objeto concreto, mas que ultrapassa uma ideia ou conceito. Para os cristãos, inclusive, Deus é pessoa!
O Mistério é uma dimensão que não pode ser descartada em nossas vidas, como fuga ao irracionalismo ou ao exotérico, mas como percepção de que somos mais, muito mais, do que uma realidade psicofísica. Somos espíritos, temos uma dimensão que ultrapassa a própria linguagem e a experiência sensível, mas que podemos apreender pela nossa estrutura natural.
O massacre de Realengo nos remete para a brutalidade do inexplicável, para o mistério da nossa existência e, sobretudo, para o Mistério do sentido. Sim, porque o que nos faz diferentes dos outros animais, o que torna possível a própria cultura humana, é a nossa incessante busca pelo sentido da vida e pelo sentido da nossa história.
Termino essas palavras mal escritas, essas ideias dispersas, apenas para constatar, mais uma vez, a perplexidade diante do absurdo e afirmar uma certeza: sem Deus, meus caros, a história humana é simplesmente sem nenhum sentido. As dores do mundo, as nossas mais profundas dores, só encontram sentido naquela cena patética: um homem estiolado, destruido no madeiro da cruz. É esse homem que nos chama e nos interpela para uma certeza: a morte há de ser vencida. A boa nova, o Evangelho, é justamente isso: a promessa da ressurreição!
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