Hoje, a leitura tem sido negligenciada pelos estudantes, mesmo aqueles já em nível de mestrado e doutorado. Lê-se muito pouco e, não raro, rasamente. A leitura é a chave de abertura para o mundo; ela proporciona o nosso encontro com o pensamento dos que nos antecederam e meditaram sobre o tema que nos instiga a lê-los. Mas não basta apenas ler. Convém meditar, conciliar proposições à primeira visada em litígio, fazer dialogar textos do mesmo autor e esses com textos d'outros autores, buscando com isso a ampliação de perspectivas e, a partir delas, o encontro de eventuais novos caminhos. Apenas depois, já bem depois, é que passamos à escrita, ao dividir com outros o produto das nossas meditações, as descobertas que fizemos, as nossas visadas que passamos a adotar e propormos a que outros possam aderir a elas no processo de reflexão.
Porém, há muita afoiteza no escrever. Pulam-se etapas. Há uma ânsia em dividir aquilo que mal dá para proveito próprio. E o que temos visto é a publicação de obras superficiais, repetitivas, com erros evidentes de construção teórica e de falta de informação. Porque lê-se muito pouco e muito mal. Escolhem-se os autores mais óbvios, os textos mais limitados, o que é de fácil compreensão. É como se não houvesse tempo para mastigar; come-se a papa rala do conhecimento, porque não há estímulo e tempo para o delicioso esforço de comer o que necessita ser deglutido sem pressa e com paladar refinado.
Temos visto a pobreza acadêmica de teses de mestrado e doutorado que impressionam pela ousadia de serem óbvios, repetitivos e preguiçosos esforços intelectuais. Nos acostumamos com tanta miséria intelectual, que já não temos mais a visão de que pensar é uma arte, é um encantamento com o objeto pensado. E, pois, exige tempo, dedicação, esforço intelectual.
Precisamos escrever menos. Precisamos ler mais. E meditar ainda mais.
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