sábado, 10 de novembro de 2012

DEIXA

Deixa que meus braços alcancem o teu corpo sem que haja resistência. Qual exército dominado, deixa que as tuas defesas estejam submissas, porque doce é o sabor da entrega.

Deixa que os meus olhos penetrem os teus e dominem a tua alma, porque nesse momento não haverá nada entre mim e ti, senão a transparência do momento intemporalizado.

Deixa que meus lábios digam indecências, sejam impudicos e que as palavras ganhem novo sentido ao invadirem as tuas entranhas, molhando as tuas reentrâncias e fazendo o teu sangue pulsar.
Deixa que nossos corpos se confundam e se façam misturados, em movimentos improváveis que a anatomia não ousa explicar. Fazendo-nos um, que sejamos nós mesmos, sem confusão de almas mas misturados em desejos e gemidos sem pejo algum.

Deixa, afinal, que possamos nos amar sem medo, sem mistérios, sem recalques e, sobretudo, sem nos perder de nós mesmos diante dos desafios da vida. Que o amor se faça amor, que a entrega seja entrega, que o ciúme seja apenas o sinete de uma vida que se quer vivida na reciprocidade dos sentimentos.

E, deixando-se assim, que sejamos fortes. Fortes no caminhar, fortes no desbaste do orgulho, fortes na certeza de que somos melhores quando estamos um.  

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