domingo, 19 de julho de 2009

As greves abusivas da educação

Os professores vão entrar em greve novamente? Qual seria o motivo do SINTEAL paralisar abusivamente a educação todos os anos, com greves sincronizadas dos professores e, posteriormente, dos demais servidores administrativos da educação?

Em Alagoas, a abusividade dessas greves é evidente, apoiada por uma visão paternalista e equivocada de setores da opinião pública, que não se dão conta do mal que essas paralisações causam às nossas crianças e adolescentes. São greves repetidas, anuais, irresponsáveis, sempre com a finalidade de desestabilizar o governo e fortalecer uma elite sindical que se sucede no poder e faz disso um meio de vida. E usam os alunos carentes como escudos humanos, tirando-lhes todos os anos as forças e o interesse pelo estudo. Por isso, cada vez os professores melhoram os seus salários e os índices educacionais apenas pioram, demonstrando a terrível qualidade de ensino em Alagoas.

Tantas são as greves e as reposições de aulas, feitas às pressas e sem qualidade, que cada vez mais vão sendo formados alunos mutilados em seu saber e na possibilidade de progredir intelectual e profissionalmente.

É sempre muito fácil acusar o governo. Qualquer governo, aliás, desde que não seja do PT ou que a pasta da educação não esteja sob o seu comando partidário... O SINTEAL faz esse jogo político sempre, tendo os seus líderes a paralela vocação política para candidaturas em pleitos eleitorais. A CUT, ademais, segue a mesma lógica. Não são entidades aguerridas contra o governo federal; a UNE, inclusive, há muito deixou de ser a histórica UNE, mostrando como as verbas publicitárias governamentais podem mudar o perfil das entidades de classe ou sindicais.

Quem aguenta novamente essas greves da educação em Alagoas? Eu falo como quem negociou e procurou ajudar a encontrar um caminho de diálogo entre o SINTEAL e o Governo, em 2007. Ali, havia razão no movimento, porque havia sido concedido pelo governo anterior um aumento irresponsável, a chamada isonomia com o nível superior, sem se ter definido de onde saia o dinheiro para pagar a conta. Mas o aumento havia sido dado e aprovado por lei. Agora, qual é o motivo desta greve? Novos aumentos, pagamento de valores atrasados, saldo remanescente daquela greve, justamente em um momento que todos sabem que tem havido redução de receitas em razão da queda de arrecadação do Governo Federal?

A natureza eminentemente política da greve parece estar caracterizada por um ano de eleições do próprio SINTEAL. A greve termina sendo uma arma política interna, ainda que com um alto custo social para os alunos e para a rede pública estadual. E todos nós, com nosso paternalismo tolo, o nosso esquerdismo infantil, homologamos esses excessos e vemos formadores de opinião públicando serem complascentes com esse paredismo abusivo.

PS.: Pessoalmente, gosto dos nosso líderes sindicais e tenho com eles uma relação respeitosa e fraterna. Mas, para além das minhas afeições por uma Lenilda, uma Gislene, um Izac, tenho que chamar aqui as coisas pelo nome. E essas práticas imoderadas de greve geram consequências nefastas para o futuro dessas gerações em formação.

2 comentários:

  1. Dr. Adriano, o senhor foi muito feliz em seu artigo ao evidenciar o jogo político, nada mais, existente em nosso sistema educacional(estadual ou municipal). Sou estudante de Direito e trabalho na SEMED, é uma vergonha. Participei da última paralização municipal da educação, a Sr. Lenilda estava na Praça Sinibú em um palanque montado, berrando palavras de apóio aos professores e criticando o governo municipal por não dar o aumento proposto pelo sindicato. Ah, mas isso foi antes do PT assumir a secretaria de educação prque depois disso em uma reunião no prédio da reitoria, a mesma Lenilda disse que: "os professores deveriam aceitar o aumento porque os tempos eram de crise", ora, ora e duas semanas antes também não eram tempos de crise?

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  2. Achei todo o texto bom, e em grande parte concordo. Até citei sua participação em 2007 num texto lá do blog. Mas os professores devem argumentar, entre outras coisas, que a arrecadação diminuiu, não obstante a gastança continue. Quem precisa de uma Secretaria da Paz? É ela que será decisiva para tirar Alagoas desse cenário maciço de violência? E, para este ano, nem há previsão orçamentária para ela, mas o dinheiro sairá de algum lugar. É só um exemplo. Dinheiro tem, querido Adriano, basta querer fazer as mudanças que você começou na Gestão Pública e cortar o desnecessário. Penso não ser uma questão de existência de verba, mas sobretudo de prioridade, de direcionamento do dinheiro público. O que acha? Em tempo: a título de ilustração, parece-me absolutamente contestável um duodécimo (da ALE) de R$ 113,4 milhões. Por ora é isso. Forte abraço!

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